quarta-feira, 18 de junho de 2014

A graça desse jogo infanto-juvenil está em encontrar Wally, normalmente perdido no meio de uma multidão de pessoas. E aí, caro leitor, você estará se perguntando: - O que isso tem a ver com educação? 
Bem, vamos tentar estabelecer um paralelo. Recentemente vários alunos do terceiro ano do ensino médio que estavam reprovados, vieram com uma declaração de algumas Faculdades dizendo que estariam aprovados no vestibular e muitos até tinham feito a matrícula para o primeiro semestre.
Ficamos imaginando: Como isso é possível?  O aluno está reprovado na escola pública e entra na Faculdade? 
Evidentemente nenhum sistema de ensino iria manter a decisão dos professores de reprovação e os “obrigariam” a aprovar esse aluno. Decisão essa que, melindres de lado, está correta. 
Mas, é mais  um caso para reflexão:- Onde está Wally? 
Ou seja, onde está o problema? Na avaliação feita pelos professores da escola (leia-se sem qualidade, pela mídia e demais órgãos governamentais) ou nos vestibulares? Eis a questão. 
O aluno é avaliado durante 4 bimestres na escola, tem trabalhos, seminários, pesquisas, recuperação, paralela ou contínua...  Tem em suas mãos todas as facilidades para obter notas boas e, infelizmente, quer seja por sua culpa ou não, não consegue se destacar e no final ao ano é reprovado pela maioria dos seus professores. 
Não podemos esquecer que ele ainda é submetido ao Conselho de Classe e Série, onde todos os professores se reúnem e discutem sua situação podendo até ser aprovado pelo Conselho, mas mesmo assim não consegue. 
Voltamos a perguntar: Onde está Wally?
Algumas considerações se fazem necessárias.  Primeiro, se a escola é de má qualidade e não consegue avaliar seus alunos adequadamente, então esses alunos estariam em piores condições do que nossa vã filosofia pode imaginar e seriam reprovados também no vestibular, pois não possuiriam condições mínimas de aprendizado.   Segundo, continuando na hipótese anterior da qualidade do ensino, e o aluno é um daqueles interessados, ele obteria boas notas e estaria aprovado na escola e também no vestibular.  Terceiro, ainda na mesma hipótese, considere alguns professores como incompetentes, (como impõem alguns economistas experts em educação). 
O aluno poderia estar reprovado e iria para o Conselho de Classe e Série podendo dessa forma obter a sua aprovação. Considerando o aluno como interessado e dedicado é óbvio que ele conseguiria ser aprovado no vestibular, apesar de alguma dificuldade.
Poderíamos enumerar mais outro tanto de hipóteses, mas não é nosso propósito cansar o leitor e muito  menos embaralhar seus pensamentos. 
Então vamos direto ao assunto: -
Onde está Wally?
Quem está exigindo ou não desses alunos, ter requisitos mínimos para seguir adiante? 
 Os professores ou os donos das Faculdades? Via de regra, no sistema público de en esino os professores não dependem de mensalidades para sobreviver. 
Os professores do sistema particular estão vendo seu aluno se formar e, portanto, também não teriam interesse em mantê-lo na escola para continuar recebendo sua mensalidade, até porque isso mancharia a imagem da instituição.
Quanto à reprovação no sistema público de ensino é importante deixar claro que os sistemas que possuem indicadores de qualidade sempre utilizam o índice de fluxo (quantidade de reprovação e evasão escolar) para proverem os cálculos, lançarem o índice alcançado naquele ano e “premiarem” com os “bônus”.
As Faculdades, por outro lado, ávidas por terem uma receita polpuda facilitam a entrada desses alunos. 
Mas, se esquecem daquilo que temos falado desde os primórdios do Programa “E agora José”. QUALIDADE Esses alunos irão cursar o ensino superior, muitos irão até se formar. 
Mas, com que qualidade? Muitos poderão ser professores mal formados, médicos, engenheiros, advogados, arquitetos... Mas com que qualidade? Com que destreza?  Com que empenho vão enfrentar as dificuldades da sua profissão?
Esperamos que o fim do mundo propagado para 2012 tenha significado o fim do mundo cruel como o conhecemos. 
Esperamos que em 2013 possamos travar grandes debates e continuar contribuindo com o desenvolvimento da educação neste país.

Publicado em janeiro de 2013 - Gazetavaleparaibana.com/pdf062

Prof.Omar de Camargo / Prof. Ivan Claudio Guedes


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