A graça desse jogo
infanto-juvenil está em encontrar Wally, normalmente perdido no meio de uma
multidão de pessoas. E aí, caro leitor, você estará se perguntando: - O que
isso tem a ver com educação?
Bem,
vamos tentar estabelecer um paralelo. Recentemente vários alunos do terceiro
ano do ensino médio que estavam reprovados, vieram com uma declaração de
algumas Faculdades dizendo que estariam aprovados no vestibular e muitos até
tinham feito a matrícula para o primeiro semestre.
Ficamos
imaginando: Como isso é possível? O
aluno está reprovado na escola pública e entra na Faculdade?
Evidentemente
nenhum sistema de ensino iria manter a decisão dos professores de reprovação e
os “obrigariam” a aprovar esse aluno. Decisão essa que, melindres de lado, está
correta.
Mas,
é mais um caso para reflexão:- Onde está
Wally?
Ou
seja, onde está o problema? Na avaliação feita pelos professores da escola
(leia-se sem qualidade, pela mídia e demais órgãos governamentais) ou nos
vestibulares? Eis a questão.
O
aluno é avaliado durante 4 bimestres na escola, tem trabalhos, seminários,
pesquisas, recuperação, paralela ou contínua...
Tem em suas mãos todas as facilidades para obter notas boas e,
infelizmente, quer seja por sua culpa ou não, não consegue se destacar e no
final ao ano é reprovado pela maioria dos seus professores.
Não
podemos esquecer que ele ainda é submetido ao Conselho de Classe e Série, onde
todos os professores se reúnem e discutem sua situação podendo até ser aprovado
pelo Conselho, mas mesmo assim não consegue.
Voltamos
a perguntar: Onde está Wally?
Algumas
considerações se fazem necessárias. Primeiro,
se a escola é de má qualidade e não consegue avaliar seus alunos adequadamente,
então esses alunos estariam em piores condições do que nossa vã filosofia pode
imaginar e seriam reprovados também no vestibular, pois não possuiriam condições
mínimas de aprendizado. Segundo,
continuando na hipótese anterior da qualidade do ensino, e o aluno é um
daqueles interessados, ele obteria boas notas e estaria aprovado na escola e
também no vestibular. Terceiro, ainda na
mesma hipótese, considere alguns professores como incompetentes, (como impõem
alguns economistas experts em educação).
O
aluno poderia estar reprovado e iria para o Conselho de Classe e Série podendo
dessa forma obter a sua aprovação. Considerando o aluno como interessado e
dedicado é óbvio que ele conseguiria ser aprovado no vestibular, apesar de
alguma dificuldade.
Poderíamos
enumerar mais outro tanto de hipóteses, mas não é nosso propósito cansar o
leitor e muito menos embaralhar seus
pensamentos.
Então
vamos direto ao assunto: -
Onde
está Wally?
Quem
está exigindo ou não desses alunos, ter requisitos mínimos para seguir
adiante?
Os professores ou os donos das Faculdades? Via
de regra, no sistema público de en esino os professores não dependem de
mensalidades para sobreviver.
Os
professores do sistema particular estão vendo seu aluno se formar e, portanto,
também não teriam interesse em mantê-lo na escola para continuar recebendo sua
mensalidade, até porque isso mancharia a imagem da instituição.
Quanto
à reprovação no sistema público de ensino é importante deixar claro que os
sistemas que possuem indicadores de qualidade sempre utilizam o índice de fluxo
(quantidade de reprovação e evasão escolar) para proverem os cálculos, lançarem
o índice alcançado naquele ano e “premiarem” com os “bônus”.
As
Faculdades, por outro lado, ávidas por terem uma receita polpuda facilitam a
entrada desses alunos.
Mas,
se esquecem daquilo que temos falado desde os primórdios do Programa “E agora
José”. QUALIDADE Esses alunos irão cursar o ensino superior, muitos irão até se
formar.
Mas,
com que qualidade? Muitos poderão ser professores mal formados, médicos,
engenheiros, advogados, arquitetos... Mas com que qualidade? Com que
destreza? Com que empenho vão enfrentar
as dificuldades da sua profissão?
Esperamos
que o fim do mundo propagado para 2012 tenha significado o fim do mundo cruel
como o conhecemos.
Esperamos
que em 2013 possamos travar grandes debates e continuar contribuindo com o
desenvolvimento da educação neste país.
Publicado em janeiro de 2013 - Gazetavaleparaibana.com/pdf062
Prof.Omar de Camargo / Prof. Ivan Claudio Guedes
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