http://www.gazetavaleparaibana.com/051.pdf “
O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação” (LIBÂNEO, 1994. p. 221).
O planejamento é o ato de prever ações para determinadas situações com a finalidade de atingir-se um objetivo. No caso das escolas, planejar é conceber ideias de como atingir o objetivo geral de uma escola, ou seja, de como ensinar. Como aplicar metodologias de ensino que façam o aluno despertar para o interesse de aprender. Isto não é nada fácil, pois requer do professor conhecimentos que, às vezes, a faculdade não lhe oferece.
Há que se buscar o equilíbrio entre os meios e fins, recursos e objetivos. Sempre com vistas ao melhor funcionamento de uma empresa, no nosso caso da escola. Planejar é ainda um processo no qual a reflexão tem um papel importantíssimo, pois dessas reflexões dependem as tomadas de decisões para uma possível ação a ser tomada. (PADILHA, 2001,p.30).
Quando fazemos um planejamento escolar ou de aulas temos que prever os recursos os quais iremos utilizar e quais os recursos dispomos na escola. Com isso evitamos surpresas durante a execução do nosso plano. Tem-se que buscar o equilíbrio entre essas duas forças, pois nem sempre dispomos dos recursos ade-quados para cumprirmos nossos pla-nos e se dispomos de recursos, aí então, nada mais lógico, devemos utilizá-los. Evitar o improviso, pesquisar e executar metodologias adequadas aos recursos que se dispõe e ao público a que se destina deve ser um dos eixos norteadores do planejamento. Ainda deve-se prever, dentro do planeja-mento, a avaliação daquilo que está sendo repassado aos alunos, bem como uma auto avaliação para saber se o que foi planejado está surtindo efeito ou não.
Podemos ainda supor o planejamento como um processo contínuo que a-tenda às necessidades tanto do indivíduo como da sociedade (PARRA apud SANTANA et al, 1995, p.14). De fato, planejar não nos parece um ato único e feito uma única vez e no qual não devemos mexer até o término do ano letivo. Não, no planejamento de-vemos contemplar a possibilidade de replanejar, se necessário, pois estamos recebendo alunos os quais, muitas vezes, desconhecemos suas necessidades.
Além disso, nos parece interessante, antes de planejarmos, fazer uma avaliação diagnóstica desses alunos ingressantes para saber quais as necessidades deles e qual metodologia poderá ser empregada para atingir os objetivos pré-definidos. Segundo Vasconcellos (1995, p. 56), o planejamento tem que ordenar e prever sistematicamente a vida escolar do aluno de maneira que o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar esteja de acordo com a proposta geral das experiências de aprendizagem oferecidas pela escola ao aluno, através dos componentes curriculares.
É interessante notar que, sistematizar e ordenar toda a vida escolar nos parece um tanto utópico do ponto de vista prático, pois sempre irá haver acordes dissonantes nesta orquestração. Ainda que não se deva dar asas ao improviso, nos parece de bom tom deixar-se um plano B de sobre aviso e,claro contar com um cabedal de conhecimento sólido. Algumas de nossas ações necessitam de planejamento, mas muitas não. Em nossas atividades diárias, estamos sempre agindo, e antecipamos os resultados de nossas ações, mesmo que não estejamos completa-mente cientes dessa antecipação.
Agimos com muito mais frequência do que planejamos, explicitamente, nossas ações: poucas vezes temos consciência de estarmos executando um processo de deliberação antes da ação. Assim que tomamos conhecimento de uma ação, ou quando executamos comportamentos bem treinados para os quais possuímos planos previamente armazenados, ou quando o curso de uma ação pode ser livremente adaptado enquanto ela estiver sendo executada, então, geralmente agimos e adaptamos nossas ações sem planejá-las explicitamente. Uma atividade premeditada exige deliberação quando se volta para novas situações ou tarefas e objetivos complexos ou quando conta com ações menos familiares.
O planejamento também é necessário quando a adaptação das ações é coagida, por exemplo, por um ambiente crítico envolvendo alto risco ou alto custo, por uma atividade em parceria com mais alguém, ou por uma atividade que necessite estar sincroniza-da com um sistema dinâmico. Uma vez que o planejamento é um processo muito complicado, que consome muito tempo e dinheiro, recorremos ao planejamento apenas quando é realmente necessário ou quando a relação custo X benefício nos obriga a planejar. Além disso, geralmente, procuramos somente planos bons e viáveis ao invés de planos ótimos.
É importante que o planejamento seja entendido como um processo cíclico e prático das determinações do plano, o que lhe garante continuidade, havendo uma constante realimentação de situações, propostas, resulta- dos e soluções, lhe conferindo assim dinamismo, baseado na multidisciplinaridade, interatividade, num processo contínuo de tomada de decisões. Esperamos que neste ano o planejamento saia do papel e tome forma dentro da escola. Precisamos que nossos coordenadores e diretores entrem em sintonia com o corpo docente, e que a condução da construção do planejamento seja pedagogicamente viável.
Não podemos mais perder tempo na escola com reuniões sem sentido e dinâmicas sem fundamento. Não podemos mais entregar planejamentos copiados de anos an- teriores sem proposta pedagógica e sem didática. Se servir de exemplo, segue abaixo nossa sugestão:
- Abertura das atividades com a retomada dos objetivos do sistema de ensino (Recomendamos aqui uma revisão da Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente e a LDBEN 9.394/1996).
- Retomada da legislação especifica do seu sistema de ensino quanto a função da escola.
- Comparação entre a legislação e as tendências pedagógicas e teóricos atuais da educação.
- Exploração dos PCN’s Temas Transversais (Ética, Meio Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual; Educação & Trabalho).
- Exploração dos PCN’s por área de ensino.
- A partir da exploração dos temas transversais, pode ser construído um mapa de conceitos com os temas que são mais urgentes na realidade em que a escola esta inserida.
- Discussão do calendário escolar – datas, projetos e eventos
- Retomada das orientações curricula-res do sistema de ensino em que o leitor está inserido.
- Materiais disponíveis e infraestrutura oferecida pela escola.
- Estratégias de recuperação paralela e continua e organização das aulas.
A partir dos tópicos acima, acreditamos que os professores terão maior clareza para iniciar a construção do seu planejamento sem copiar e colar dos anos anteriores. Acreditamos, também, que a coordenação tenha em mãos seus planos estratégicos para o corrente ano para que evite o improviso ao longo do ano letivo.
A documentação pedagógica estando afinada e de acordo com as necessidades escolares diminuirão os estresses de final de ano, tais como os índices de reprovação e a insatisfação de que os alunos não aprendem na escola pública.
Referências LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. SANT'ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.
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