CERTO IGUAL A ERRADO?
À
primeira vista pode parecer um problema matemático, um paradoxo ou algo assim,
mas trata-se, pura e simplesmente de uma maneira de exprimir aquilo que temos
visto ultimamente, ou porque sai na mídia ou porque vivenciamos. Estamos
inseridos numa sociedade que o bem é tido como mal, o certo como errado,
valores morais como cerceamento de direitos. Parece-nos pura hipocrisia.
Professores são chamados à fala para se explicarem porque exigem que os alunos
façam sua lição de casa, diretores são investigados porque exigem que alunas ou
alunos venham devidamente vestidos para a escola.
De
certa forma, escrevendo esse artigo, me vem à memória que o povo e consequentemente
seus dirigentes, rezam a mesma cartilha, ou seja, fazemos aquilo que ambos
queremos.
O
que dizer de uma sociedade que dá ibope para o programa BBB, famoso por apresentar casos onde a
libidinagem e promiscuidade são os únicos fatores norteantes?
Recentemente
vimos na mídia o caso de uma Diretora de escola ter sido chamada às falas pela
Secretaria de Educação
paulista pelo simples fato de ter exigido que suas alunas viéssem decentemente
vestidas para as aulas. Já outra diretora, foi afastada da escola por cobrar o
Estado que concluísse a reforma em sua escola, que já perdurava 3 anos.
Incrível!
O mais interessante é que tudo está na
mídia.
No
caso da diretora afastada, para piorar a dirigente daquela diretoria não soube
se explicar e também não permitiu vistas ao processo de afastamento da Diretora
alegando que o mesmo é confidencial. Houve até uma sessão pública a qual ela
não compareceu, ou seja, desmandos, pouco caso, inescrupulosidade.
A
Secretaria de Educação perde seu precioso tempo com casos que não são
problemas, enquanto arruma mais problemas criando casos. Isso é apenas a ponta
do iceberg, pois o tamanho da coisa é bem maior. Tão recente quanto aos fatos
acima, temos um outro em que uma mãe vem se debatendo entre e-mails para Ouvidoria
e, não tendo sido aceitas em suas propostas, enviou e-mail para a própria
Secretaria de Educação e, recentemente enviou um e-mail para a
Corregedoria.
Ela
simplesmente quer que uma Diretora da escola se retrate, simplesmente porque
seu filho foi advertido por ter entrado no banheiro das professoras, detalhe é
que seu filho nem estuda mais naquela escola.
Repetimos:
A Secretaria de Educação e a Ouvidoria perdem tempo com isso tendo tantos
outros problemas mais urgentes para serem tratados. Não bastasse o dia a dia de
professores, funcionários e diretores ainda se perde tempo em responder à essas
demandas as quais chamamos de “non sense”,pois consideramos realmente sem
sentido uma Secretaria de Estado, no caso da Educação preocupar-se com demandas
esfera regimental da escola, ou permitir que seus Dirigentes se imponham
autoritariamente sem explicações convincentes.
Será
que os senhores burocratas da educação não conhecem o regimento interno de uma
escola?
Regimento
este que, aliás, foi aprovado por uma Diretoria de Ensino?
Será
que os senhores burocratas da educação querem mostrar, aos olhos daqueles pais,
que provavelmente, acham que seus filhos e filhas que ir à uma escola para
mostrar seus dotes físicos seria o correto?
Custa-nos
crer nisso. Mas, voltando ao pensamento anterior onde o BBB é um dos programas
mais vistos na televisão brasileira, não fica tão difícil assim acreditar
nisso.
Vivemos
uma triste inversão de valores de uma sociedade onde a justiça não mantém o
bandido preso, onde a polícia que deveria proteger o cidadão, só o faz quando
se vê suas entranhas fétidas ficarem à mostra, onde políticos eleitos pelo
povo, inclusive professores, pleiteiam manter os salários desses mesmos
professores que os elegeram num patamar de quase miséria, haja visto que não
querem aplicar a lei do piso.
Não
que a lei do piso resolva em definitivo o problema salarial do professor, mas
ao menos minimiza. Esquecem-se os políticos de que, se sabem ler, escrever,
fazer contas, aquelas contas de somar que usam
para
somar aos seus polpudos salários,
inúmeras gratificações e verbas de todos os naipes, esquecem que foram os professores que deram à eles
ferramentas para progredirem e agora se voltam contra nós, e nesse momento
sentimos o arrependimento de tê-los ensinados.
Fica
quase claro e notório aos nossos olhos, que exigir dos Diretores de escola,
professores e funcionários que peçam desculpas aos pais por tentarem dar aos
seus filhos aquela educação que, infelizmente, eles pais, não estão dando é algo
surreal.
Torna-se
ainda óbvio que, num ano político, eles, nossos burocratas da educação,
escolhidos por concordarem com a política educacional de um partido ou outro,
preocupados com seus traseiros gordos e achatados de tanto ficarem sentados
numa confortável cadeira de escritório, estejam de fato preocupados.
Não com os pais, ou com a educação no Estado,
mas sim preocupados em manterem suas posições confortáveis dentro de um
escritório com ar condicionado, longe do ambiente escolar, onde os problemas pululam.
Sob
o pretexto de não ser exigido uniformes nas escolas estaduais de São Paulo,
pais permitem que seus filhos venham à escola como se fossem vestidos para uma
balada ou para um evento qualquer.
É
bem verdade que ser trata, talvez de uma minoria, mas que se vale de na lei
para se desobrigarem da educação dos filhos sem perceberem do mal que estão
causando aos filhos, mas como diz o ditado – Cada cabeça uma sentença.
Seria
uma reedição, nesse caso, da famosa história do Médico e o monstro?
Será
que, nós professores, deveríamos ser mais permissíveis, fazermos vistas
grossas?
Como
diriam os alunos: - Deixar rolar? Não sei.
Mas,
com certeza, é desgastante, estressante mesmo, ver essa inversão de valores
onde o certo é tido como errado. Onde os professores são colocados contra a
parede, tendo como seus algozes os próprios
pais.
Triste
fim, e não é de Policarpo Quaresma que estou falando, mas o fim de uma nação
que tendo dormido em berço esplêndido por tanto tempo, acorda agora para a
realidade nua e crua de uma sociedade acostumada ao paternalismo dos governos e
suas corriolas que para se manterem no
poder são capazes de devorarem a própria perna.