sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CERTO IGUAL A ERRADO?

CERTO IGUAL A ERRADO?


À primeira vista pode parecer um problema matemático, um paradoxo ou algo assim, mas trata-se, pura e simplesmente de uma maneira de exprimir aquilo que temos visto ultimamente, ou porque sai na mídia ou porque vivenciamos. Estamos inseridos numa sociedade que o bem é tido como mal, o certo como errado, valores morais como cerceamento de direitos. Parece-nos pura hipocrisia. Professores são chamados à fala para se explicarem porque exigem que os alunos façam sua lição de casa, diretores são investigados porque exigem que alunas ou alunos venham devidamente vestidos para a escola.






De certa forma, escrevendo esse artigo, me vem à memória que o povo e consequentemente seus dirigentes, rezam a mesma cartilha, ou seja, fazemos aquilo que ambos queremos.

O que dizer de uma sociedade que dá ibope para o programa  BBB, famoso por apresentar casos onde a libidinagem e promiscuidade são os únicos fatores norteantes? 
Recentemente vimos na mídia o caso de uma Diretora de escola ter sido chamada às falas pela Secretaria de Educação paulista pelo simples fato de ter exigido que suas alunas viéssem decentemente vestidas para as aulas. Já outra diretora, foi afastada da escola por cobrar o Estado que concluísse a reforma em sua escola, que já perdurava 3 anos. Incrível! 

 O mais interessante é que tudo está na mídia. 

No caso da diretora afastada, para piorar a dirigente daquela diretoria não soube se explicar e também não permitiu vistas ao processo de afastamento da Diretora alegando que o mesmo é confidencial. Houve até uma sessão pública a qual ela não compareceu, ou seja, desmandos, pouco caso, inescrupulosidade.

A Secretaria de Educação perde seu precioso tempo com casos que não são problemas, enquanto arruma mais problemas criando casos. Isso é apenas a ponta do iceberg, pois o tamanho da coisa é bem maior. Tão recente quanto aos fatos acima, temos um outro em que uma mãe vem se debatendo entre e-mails para Ouvidoria e, não tendo sido aceitas em suas propostas, enviou e-mail para a própria Secretaria de Educação e, recentemente enviou um e-mail para a Corregedoria. 

Ela simplesmente quer que uma Diretora da escola se retrate, simplesmente porque seu filho foi advertido por ter entrado no banheiro das professoras, detalhe é que seu filho nem estuda mais naquela escola. 

Repetimos: A Secretaria de Educação e a Ouvidoria perdem tempo com isso tendo tantos outros problemas mais urgentes para serem tratados. Não bastasse o dia a dia de professores, funcionários e diretores ainda se perde tempo em responder à essas demandas as quais chamamos de “non sense”,pois consideramos realmente sem sentido uma Secretaria de Estado, no caso da Educação preocupar-se com demandas esfera regimental da escola, ou permitir que seus Dirigentes se imponham autoritariamente sem explicações convincentes. 

Será que os senhores burocratas da educação não conhecem o regimento interno de uma escola? 

Regimento este que, aliás, foi aprovado por uma Diretoria de Ensino?

Será que os senhores burocratas da educação querem mostrar, aos olhos daqueles pais, que provavelmente, acham que seus filhos e filhas que ir à uma escola para mostrar seus dotes físicos seria o correto? 

Custa-nos crer nisso. Mas, voltando ao pensamento anterior onde o BBB é um dos programas mais vistos na televisão brasileira, não fica tão difícil assim acreditar nisso.

Vivemos uma triste inversão de valores de uma sociedade onde a justiça não mantém o bandido preso, onde a polícia que deveria proteger o cidadão, só o faz quando se vê suas entranhas fétidas ficarem à mostra, onde políticos eleitos pelo povo, inclusive professores, pleiteiam manter os salários desses mesmos professores que os elegeram num patamar de quase miséria, haja visto que não querem aplicar a lei do piso. 

Não que a lei do piso resolva em definitivo o problema salarial do professor, mas ao menos minimiza. Esquecem-se os políticos de que, se sabem ler, escrever, fazer contas, aquelas contas de somar que usam

para somar aos seus  polpudos salários, inúmeras gratificações e verbas de todos os naipes, esquecem que  foram os professores que deram à eles ferramentas para progredirem e agora se voltam contra nós, e nesse momento sentimos o arrependimento de tê-los ensinados.

Fica quase claro e notório aos nossos olhos, que exigir dos Diretores de escola, professores e funcionários que peçam desculpas aos pais por tentarem dar aos seus filhos aquela educação que, infelizmente, eles pais, não estão dando é algo surreal.

Torna-se ainda óbvio que, num ano político, eles, nossos burocratas da educação, escolhidos por concordarem com a política educacional de um partido ou outro, preocupados com seus traseiros gordos e achatados de tanto ficarem sentados numa confortável cadeira de escritório, estejam de fato preocupados. 

 Não com os pais, ou com a educação no Estado, mas sim preocupados em manterem suas posições confortáveis dentro de um escritório com ar condicionado, longe do ambiente escolar, onde os problemas pululam.

Sob o pretexto de não ser exigido uniformes nas escolas estaduais de São Paulo, pais permitem que seus filhos venham à escola como se fossem vestidos para uma balada ou para um evento qualquer. 

É bem verdade que ser trata, talvez de uma minoria, mas que se vale de na lei para se desobrigarem da educação dos filhos sem perceberem do mal que estão causando aos filhos, mas como diz o ditado – Cada cabeça uma sentença. 

Seria uma reedição, nesse caso, da famosa história do Médico e o monstro? 

Será que, nós professores, deveríamos ser mais permissíveis, fazermos vistas grossas? 

Como diriam os alunos: - Deixar rolar? Não sei. 

Mas, com certeza, é desgastante, estressante mesmo, ver essa inversão de valores onde o certo é tido como errado. Onde os professores são colocados contra a parede, tendo como seus algozes os próprios  pais.


Triste fim, e não é de Policarpo Quaresma que estou falando, mas o fim de uma nação que tendo dormido em berço esplêndido por tanto tempo, acorda agora para a realidade nua e crua de uma sociedade acostumada ao paternalismo dos governos e suas corriolas que para  se manterem no poder são capazes de devorarem a própria perna. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

MOBILE LEARNING E AÇÃO DOCENTE: O CELULAR EM SALA DE AULA

MOBILE LEARNING E AÇÃO DOCENTE: O CELULAR EM SALA DE AULA




Há algum tempo escrevemos sobre o uso do celular em sala de aula. Você pode conferir aqui
O artigo abaixo apresenta um estudo de caso sobre o uso do celular em sala de aula. Sabemos o quanto esse assunto é polêmico, ainda mais quando se trata da escola básica. Acreditamos que esse artigo possa contribuir com a discussão sobre esse problema e apontar algumas sugestões.

Boa leitura!

MOBILE LEARNING E AÇÃO DOCENTE: O CELULAR EM SALA DE AULA

Mara Rúbia Sampaio Oliveira-Universidade Estadual do Ceará (Sate – EaD)
marusampaio@gmail.com

A tecnologia móvel não dispõe apenas do celular como recurso interativo, mas este pode ser considerado o mais acessível, diante dos resultados de pesquisas de mercado atuais. O objetivo dessa produção é relatar e refletir o debate de professores participantes de um grupo de discussão na rede social profissional Linkedin, sobre os usos do celular em sala de aula. Sob análise qualitativa de cento e sessenta postagens em dezessete dias do debate lançado por um professor participante do grupo.‘ Como os senhores estão convivendo com alunos e celulares em sala de aula?’. Os resultados não estão prontos, pois o debate sugere que os professores precisam de formação para mediar a tecnologia em sala de aula e utilizá-la a favor da Educação, na construção colaborativa de direções da ação didática para a boa mediação pedagógica da Móbile Learning. 

Para ler o artigo completo, clique aqui!

domingo, 24 de agosto de 2014

Estudo revela que violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco

Estudo revela que violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco



Segundo o estudo, alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, exame para medir o índice de aprendizado.



As estatísticas comprovam que a violência atrapalha, e muito, o rendimento de alunos de escolas que ficam em áreas de risco no Rio de Janeiro. Além do medo, os tiroteios mantêm os alunos, por vários dias, fora da sala de aula.

“Eles já sabem, começou o primeiro tiro, todos correm, já saem agachados para o corredor”. A mulher que não quer se identificar é professora em uma escola pública do Complexo da Maré.

Violência nas escolas

O conjunto de favelas, um dos maiores do Rio, está ocupado pelas Forças Armadas desde abril.  Lá existem 96 unidades de ensino. “Tem alunos nossos que chegam na escola, eles deitam a cabeça na carteira e dormem porque não dormiram a noite inteira, por causa do tiroteio”, diz a professora.

Na semana passada, um estudante foi baleado dentro de uma escola na Cidade de Deus, comunidade pacificada da zona oeste do Rio. Thiago Batista, de 15 anos, foi atingido na cabeça depois de um confronto entre PMs e traficantes. O menino sobreviveu.

Por causa de tiroteios em comunidades, escolas acabam suspendendo as aulas para preservar a segurança dos estudantes. E salas de aula vazias vêm se repetindo com frequência no Rio.

As secretarias Municipal e Estadual de Educação não têm dados consolidados. Mas, a partir de casos noticiados nos primeiros sete meses deste ano, o Bom Dia Brasil fez as contas. E descobriu que por causa da violência, escolas fecharam pelo menos oito vezes nesse período. Não só na Maré, mas também no Complexo do Alemão, Vila Kennedy e Manguinhos. Cada confronto deixou, em média, 8 mil alunos sem aulas nessas áreas.

O problema chamou a atenção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que fez uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio, para oferecer um treinamento de segurança para professores, funcionários e alunos.

“Via de regra, os alunos vão se proteger. Buscar um espaço, alunos e servidores, onde eles fiquem protegidos dessa ameaça externa e aguardem essa situação, calmamente, passar”, diz Heloísa Werneck, assessora técnica da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.

A violência afeta diretamente o desempenho dos estudantes. Um estudo feito pela pesquisadora Joana Monteiro, da FundaçãoGetúlio Vargas, revela, por exemplo, que alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, o exame aplicado para medir o índice de aprendizado no país. “Se você compara alunos que estudam, nas mesmas escolas, em anos que teve confrontos versus em anos que não tiveram, você vê que a violência é associada a uma queda no rendimento escolar”, afirma Joana Monteiro.

A professora da Maré diz que ao longo do ano passado, a escola onde trabalha ficou, ao todo, 40 dias sem aulas por causa da violência. “E a evasão escolar advém daí mesmo. Alguns não passam dos 11 anos, 10 anos, eles abandonam”, diz a professora.


A Secretaria Estadual de Educação disse que orienta a reposição das aulas e tenta evitar a evasão. A Secretaria Municipal de Educação diz que criou um programa para incentivar a melhoria do ensino em áreas de risco. E a PM alega que planeja operações em favelas levando em conta os horários escolares.

Fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/08/estudo-revela-que-violencia-atrapalha-rendimento-escolar-em-areas-de-risco.html


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Evasão Escolar

EVASÃO ESCOLAR



A evasão escolar  é como um vírus que se instala no aluno a partir do momento em que ele não encontra respaldo, nem objetividade naquilo que faz na escola. Relembramos que nosso modelo de escola é tradicional e visa reproduzir os valores sociais vigentes. Nossa escola é simplesmente reprodutora não é transformadora, então novamente vem à baila as conversas e suposições de que mudando os jogadores ganha-se o jogo. 

Não é bem verdade, pois se não houver estratégias, táticas que o técnico aplica e jogadores competentes e suficientemente pagos para isso o jogo continuará empatado ou até mesmo será perdido para o time da evasão. O período integral tem sido colocado como o salvador da pátria no quesito evasão escolar. Mas será que somente isso resolveria?

 Hoje em dia, sem a escola integral o que temos é a evasão de professores nas escolas regulares. São muitas faltas médicas, pois o professor está doente. São professores substitutos despreparados e que apenas entram em sala de aula para cumprir o horário sem se importar se tem que dar aula ou não. São alunos que veem à escola apenas para cumprir agenda, pois senão a Bolsa Família será cortada.

 Os currículos escolares não dão conta da necessidade atual em que pais ausentes não educam seus filhos sobre a necessidade da escolarização. É o sistema acusando o professor por tudo isso e ainda lhe impingindo a pecha de incompetente. É a sociedade cobrando, dos professores, a responsabilidade, que deveria ser dos pais, ou seja, de dar educação aos seus filhos.

Então? Será que só mudar par período integral resolveria, ou teríamos que fazer algo mais profundo?

Leia na íntegra a reportagem, e comente:

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Professora demitida por fotos pelada acusa alunos de vazarem imagens

Professora demitida por fotos pelada acusa alunos de vazarem imagens


Ao lermos essa notícia nos vem à mente a discussão sobre moral e ética do professor seja de qual área for.

Certo é que os alunos não deveriam invadir a privacidade de quem quer que seja e isso já denota uma falta de ética bastante grande por parte dos alunos. Mas eles fizeram, e encontraram, aliás achamos que alguém deve ter visto e espalhou para os demais colegas, só depois é que veio à tona as fotos da professora nua. E aí perguntamos - Porque alguém teria fotos suas nua? Para quê?

Como alguém pode ser chamado ou chamada de professor se não preza por sua moral e consequentemente pela ética da sua profissão? Alguns, aqueles que lerem este comentário, poderão dizer que ninguém tem nada a ver com isso, que a professora pode fazer da vida dela o que quiser. Concordamos, realmente, as pessoas dispõe do livre arbítrio e fazem de suas vidas o que bem entendem, mas antes de fazer o que bem lhe aprouver deveriam pensar nas consequências que seus atos, às vezes descabidos, provocam e influenciam os jovens.

Se não for falta de moral e ética, é no mínimo sem noção.

http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/08/07/professora-demitida-por-fotos-pelada-acusa-alunos-de-vazarem-imagens.htm

sábado, 9 de agosto de 2014

Aos alunos a merenda, aos professores as sobras.


O projeto de lei nº3114/2012 de autoria da Deputada Sandra Rosado do PSB/RN tenta de uma forma desastrosa, na minha opinião, resolver uns dos problemas dos docentes que é não ter como se alimentar durante a troca de turno. Seja porque está em trânsito ou porque não tem dinheiro para pagar um almoço, ou ainda porque o vale alimentação mal dá para um salgadinho. Porque de forma desastrosa? Porque além de nos taxar de mal remunerados, o que é verdade,
porém ninguém da área política teve ainda coragem e patriotismo suficiente para alterar isso, nos impõe a seguinte condição: "Permitir que o alimento excedente da merenda escolar seja consumido pelos profissionais da educação.". Excedente? Quer dizer que os professores poderão comer se sobrar ? Caso não haja sobra o profissional ficará com sua fome escondida, guardada aguardando uma nova oportunidade para sacia-la. Aonde chegamos Senhor Jesus ? Mal pagos e condenados a comer sobras, se houver ! Melhor seria se nada tivesse sido feito, ficaria menos pejorativo para nós.
Saiba mais.Veja o projeto na íntegra.
 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=533849

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Como formar um país de leitores?

Como formar um país de leitores?




Que a leitura é a melhor maneira de se transformar uma sociedade, isso quase ninguém duvida. Entretanto temos sérios problemas quando se fala em leitura.
Que o professor deve ser um espelho para seu aluno, isso também quase ninguém duvida.Como um professor pode incentivar seu aluno a ser leitor se ele não o é?
País de poucos leitores

Muitas vezes delegam-se a influência da leitura à família e à escola. Até ai nenhum segredo, entretanto especialistas (na reportagem) afirmam que a "família" não incentivam seus filhos à leitura, mas esquecem-se que os professores também possuem suas famílias, e voltando ao ciclo viciosos, não incentivam seus filhos a lerem.

Professores de ensino fundamental II e médio acabam por ler muito menos do que os professores de ensino fundamental I, consequentemente os alunos quando vão crescendo, vão perdendo (se é que adquiriram) o hábito pela leitura.

Na realidade, não somos "criados" para sermos leitores, escritores e pensadores. Fomo criados para sermos trabalhadores e realizadores de tarefas. E, se quisermos REALMENTE construir outro país, devemos reconstruir nossas escolas.

Recomendamos a leitura da matéria PARA FORMAR LEITORES.

domingo, 3 de agosto de 2014

DE ESCOLA REPRODUTORA A ESCOLA TRANSFORMADORA

DE ESCOLA REPRODUTORA A ESCOLA TRANSFORMADORA

A criação da escola no Brasil está ligada estritamente ao desembarque dos jesuítas para “catequizar e domesticar” os índios. Em seguida, o sistema de ensino implantado tinha como objetivo atender aos anseios da nobreza instalada na colônia para que seus filhos fossem corretamente instruídos para voltarem ao velho continente e concluir o ensino superior. Desta forma, por muito tempo nossa escola pública também foi elitista e considerada como uma arma importante para adentrar no mundo universitário. Bom, de lá para cá muita coisa mudou e a universalização do ensino tão pregada pelos escolanovistas, está se tornando uma realidade, apesar dos tropeços e enganos cometidos, temos avançado nesse ideal de escola para todos.


Mas, porque não temos alcançado os louros da vitória tão desejados? O que estaria faltando para alçarmos voos mais altos em direção ao topo da lista das avaliações externas como, por exemplo, o PISA?  Avançamos timidamente e às vezes recuamos nos índices e quase que invariavelmente o debate recai sobre os professores. Será que a culpa é só e tão somente dos professores? Que escola nós temos, ou seja, que tipo de escola nós temos? Quais os objetivos dessa escola? Bem, a resposta, acreditamo-nos, é que a nossa escola calcada em valores elitistas e/ou tecnicistas não mudou em quase nada do que era, ou melhor, ela  ainda carrega a estrutura de uma escola tecnicista com ranços elitistas.

A estrutura curricular verticalizada baseada na escola reprodutora de conteúdos inadequadamente agrupados, sem transversalidade e sem interdisciplinaridade está mais presente e vivo do que durante os anos 1960 e 1970. As disciplinas são desligadas e desconexas da realidade, recheadas de conteúdos estanques, nada (ou muito pouco, para não generalizar) aplicáveis ao nosso mundo. Então qual a diferença entre a tradicional e a atual?

O século XXI iniciou-se com mudanças bruscas nos paradigmas sociais, estamos diante de uma nova realidade, novos interesses, novos objetivos. O lado negativo é que ainda estruturamos a escola com base em critérios da segunda metade do século XX (que é uma caricatura da estrutura europeia do século XIX). Temos uma escola “para todos” com valores elitistas. Agregado a isso se soma o Estado lento e burocrático que não sabe se assume uma postura neoliberal ou de bem-estar social. Um Estado que funciona no papel, mas que não se aplica à realidade, ou seja, temos um Estado de “faz de conta” que proporciona uma educação “faz de conta”.

 E porque chegamos a esse ponto? Primeiro por que não produzimos nenhum sistema educacional estritamente nacional voltado às nossas realidades. Segundo, a ingerência de partidos políticos na educação tem sido uma constante, haja vista que a cada eleição, as mudanças de secretários, de ministros e agregados políticos resulta em uma reformulação do que estava sendo feito, partindo do zero. Os debates sobre a educação têm sempre o mesmo discurso e a mesma receita. Na prática, o resultado é sempre o mesmo: A má qualidade da educação.

Até agora ninguém, de qualquer partido político, teve a sensatez de dizer que educação deveria ser apartidária, traçada em longo prazo, mas com critérios objetivos e bem definidos, visto tratar-se de um bem maior do que as mesquinhas políticas partidárias. Em terceiro lugar, podemos dizer que gostamos de importar “modismos pedagógicos” e modelos do hemisfério norte. Dentre os modelos importados, só não importamos orientais até agora por que, a bem da verdade, veem mostrando bons resultados, mas requerem uma mudança de postura social e, principalmente, política (sobretudo no campo da ética).

Nessa imensa colcha de retalhos que é o nosso sistema educacional, podemos apontar os temas transversais que, na Espanha, tem apresentado bons resultados e poderiam ser melhores trabalhados por aqui. Porém, no Brasil, não passa de um empilhado de temas e ideias que quase não estão presentes em livros didáticos ou em estruturas curriculares elaborados pelos sistemas de ensino.

O trabalho interdisciplinar, na prática, fica a cargo do professor que se aventura em desenvolver projetos, diga-se de passagem, à parte do menu acadêmico. Coordenadores pedagógicos ficam torcendo para que apareça um grupo de professores disposto a introduzir os temas transversais e ligar suas disciplinas num âmbito interdisciplinar e com isso dar sentido às suas aulas. As universidades, por sua vez, limitam-se ao conteúdo curricular ensinado às várias gerações. Não há mobilidade curricular. Professores são engessados dentro de uma “caverna”. Esses profissionais são jogados no mercado profissional e levam consigo a sua “caverna”. Repassam aos seus alunos as mesmas sombras que um dia aprenderam a acreditar.

Kant em sua pedagogia de valores morais, assim como outros, como, por exemplo, Paulo Freire e Rubem Alves, nos convidam a olhar com outros olhos, a termos um olhar quase metafísico em que o ser é muito mais importante. O ser humano está em constante evolução e, portanto o ensino deveria acompanhar essa evolução. O que se vê nas escolas é a transmissão de ideias arcaicas a respeito das ciências. Uma ciência imutável? As teorias científicas se sucedem ao longo do tempo e, em tom jocoso podemos dizer que nada é absoluto e tudo é relativo, e essas mudanças profundas ou não, e que podem ser de natureza epistemológicas, refletem diretamente na educação.

Diante desses fatos porque não se fazer uma integração de saberes? O ensino das disciplinas curriculares está enclausurado em gaiolas como pássaros que já não alçam voo. Precisamos de uma força transformadora que faça com que o dia a dia esteja presente no ensino dessas matérias curriculares. Evidentemente, não podemos relegar a desprezo o ensino tradicional, não se trata de abandonar um e acolher o outro, mas de integração, união.

Nada melhor para transformar do que miscigenação dos conhecimentos, dos saberes. Os temas transversais e a interdisciplinaridade têm o papel importante de ser o agente aglutinante que irá dar vida nova ao conteúdo curricular bem como despertar no aluno a necessidade de se tornar um ser humano melhor. Um ensino integrado pode despertar no horizonte, mas é preciso ter cautela, pois uma simples canetada juntando disciplinas e mudando a estrutura curricular de uma hora para outra (como já desponta o MEC), pode piorar o que já está ruim.


 Prof.Omar de Camargo / Prof. Ivan Claudio Guedes - www.gazetavaleparaibana.com/pdf081