domingo, 24 de agosto de 2014

Estudo revela que violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco

Estudo revela que violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco



Segundo o estudo, alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, exame para medir o índice de aprendizado.



As estatísticas comprovam que a violência atrapalha, e muito, o rendimento de alunos de escolas que ficam em áreas de risco no Rio de Janeiro. Além do medo, os tiroteios mantêm os alunos, por vários dias, fora da sala de aula.

“Eles já sabem, começou o primeiro tiro, todos correm, já saem agachados para o corredor”. A mulher que não quer se identificar é professora em uma escola pública do Complexo da Maré.

Violência nas escolas

O conjunto de favelas, um dos maiores do Rio, está ocupado pelas Forças Armadas desde abril.  Lá existem 96 unidades de ensino. “Tem alunos nossos que chegam na escola, eles deitam a cabeça na carteira e dormem porque não dormiram a noite inteira, por causa do tiroteio”, diz a professora.

Na semana passada, um estudante foi baleado dentro de uma escola na Cidade de Deus, comunidade pacificada da zona oeste do Rio. Thiago Batista, de 15 anos, foi atingido na cabeça depois de um confronto entre PMs e traficantes. O menino sobreviveu.

Por causa de tiroteios em comunidades, escolas acabam suspendendo as aulas para preservar a segurança dos estudantes. E salas de aula vazias vêm se repetindo com frequência no Rio.

As secretarias Municipal e Estadual de Educação não têm dados consolidados. Mas, a partir de casos noticiados nos primeiros sete meses deste ano, o Bom Dia Brasil fez as contas. E descobriu que por causa da violência, escolas fecharam pelo menos oito vezes nesse período. Não só na Maré, mas também no Complexo do Alemão, Vila Kennedy e Manguinhos. Cada confronto deixou, em média, 8 mil alunos sem aulas nessas áreas.

O problema chamou a atenção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que fez uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio, para oferecer um treinamento de segurança para professores, funcionários e alunos.

“Via de regra, os alunos vão se proteger. Buscar um espaço, alunos e servidores, onde eles fiquem protegidos dessa ameaça externa e aguardem essa situação, calmamente, passar”, diz Heloísa Werneck, assessora técnica da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.

A violência afeta diretamente o desempenho dos estudantes. Um estudo feito pela pesquisadora Joana Monteiro, da FundaçãoGetúlio Vargas, revela, por exemplo, que alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, o exame aplicado para medir o índice de aprendizado no país. “Se você compara alunos que estudam, nas mesmas escolas, em anos que teve confrontos versus em anos que não tiveram, você vê que a violência é associada a uma queda no rendimento escolar”, afirma Joana Monteiro.

A professora da Maré diz que ao longo do ano passado, a escola onde trabalha ficou, ao todo, 40 dias sem aulas por causa da violência. “E a evasão escolar advém daí mesmo. Alguns não passam dos 11 anos, 10 anos, eles abandonam”, diz a professora.


A Secretaria Estadual de Educação disse que orienta a reposição das aulas e tenta evitar a evasão. A Secretaria Municipal de Educação diz que criou um programa para incentivar a melhoria do ensino em áreas de risco. E a PM alega que planeja operações em favelas levando em conta os horários escolares.

Fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/08/estudo-revela-que-violencia-atrapalha-rendimento-escolar-em-areas-de-risco.html


Um comentário:

  1. Mais um caso daqueles que todo mundo sabia, mas ninguém provava. Está aí um fato incontestável, e a Secretaria de Educação do Rio está preocupada com a reposição de aulas e a Secretaria de Segurança diz que faz planejamentos para evitar os ataques em horários de aula. Balela, conversa mole para boi dormir, como diria minha vó.

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