Estudo revela que violência atrapalha rendimento escolar em áreas de risco
Segundo o estudo, alunos de escolas do Rio próximas a áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, exame para medir o índice de aprendizado.
As estatísticas comprovam que a violência
atrapalha, e muito, o rendimento de alunos de escolas que ficam em áreas de
risco no Rio de Janeiro. Além do medo, os tiroteios mantêm os alunos, por
vários dias, fora da sala de aula.
“Eles já sabem, começou o primeiro tiro, todos
correm, já saem agachados para o corredor”. A mulher que não quer se
identificar é professora em uma escola pública do Complexo da Maré.
O conjunto de favelas, um dos maiores do Rio,
está ocupado pelas Forças Armadas desde abril.
Lá existem 96 unidades de ensino. “Tem alunos nossos que chegam na
escola, eles deitam a cabeça na carteira e dormem porque não dormiram a noite
inteira, por causa do tiroteio”, diz a professora.
Na semana passada, um estudante foi baleado
dentro de uma escola na Cidade de Deus, comunidade pacificada da zona oeste do
Rio. Thiago Batista, de 15 anos, foi atingido na cabeça depois de um confronto
entre PMs e traficantes. O menino sobreviveu.
Por causa de tiroteios em comunidades, escolas
acabam suspendendo as aulas para preservar a segurança dos estudantes. E salas
de aula vazias vêm se repetindo com frequência no Rio.
As secretarias Municipal e Estadual de
Educação não têm dados consolidados. Mas, a partir de casos noticiados nos
primeiros sete meses deste ano, o Bom Dia Brasil fez as contas. E descobriu que
por causa da violência, escolas fecharam pelo menos oito vezes nesse período.
Não só na Maré, mas também no Complexo do Alemão, Vila Kennedy e Manguinhos.
Cada confronto deixou, em média, 8 mil alunos sem aulas nessas áreas.
O problema chamou a atenção do Comitê
Internacional da Cruz Vermelha, que fez uma parceria com a Secretaria Estadual
de Educação do Rio, para oferecer um treinamento de segurança para professores,
funcionários e alunos.
“Via de regra, os alunos vão se proteger.
Buscar um espaço, alunos e servidores, onde eles fiquem protegidos dessa ameaça
externa e aguardem essa situação, calmamente, passar”, diz Heloísa Werneck,
assessora técnica da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.
A violência afeta diretamente o desempenho dos
estudantes. Um estudo feito pela pesquisadora Joana Monteiro, da FundaçãoGetúlio Vargas, revela, por exemplo, que alunos de escolas do Rio próximas a
áreas de risco pontuam menos na Prova Brasil, o exame aplicado para medir o
índice de aprendizado no país. “Se você compara alunos que estudam, nas mesmas
escolas, em anos que teve confrontos versus em anos que não tiveram, você vê
que a violência é associada a uma queda no rendimento escolar”, afirma Joana
Monteiro.
A professora da Maré diz que ao longo do ano passado,
a escola onde trabalha ficou, ao todo, 40 dias sem aulas por causa da
violência. “E a evasão escolar advém daí mesmo. Alguns não passam dos 11 anos,
10 anos, eles abandonam”, diz a professora.
A Secretaria Estadual de Educação disse que
orienta a reposição das aulas e tenta evitar a evasão. A Secretaria Municipal
de Educação diz que criou um programa para incentivar a melhoria do ensino em
áreas de risco. E a PM alega que planeja operações em favelas levando em conta
os horários escolares.
Fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/08/estudo-revela-que-violencia-atrapalha-rendimento-escolar-em-areas-de-risco.html
Mais um caso daqueles que todo mundo sabia, mas ninguém provava. Está aí um fato incontestável, e a Secretaria de Educação do Rio está preocupada com a reposição de aulas e a Secretaria de Segurança diz que faz planejamentos para evitar os ataques em horários de aula. Balela, conversa mole para boi dormir, como diria minha vó.
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