O QUE REALMENTE ACONTECEU NA PETROBRAS
As decisões mais acertadas são tomadas por quem está mais bem informado,portanto, vale a pena perder (ou ganhar) um tempinho e ler este artigo.
Em janeiro 2008 havia ações da Petrobras - PTR4, cujos valores eram:
DATA R$
03 jan 2008 - 85,60
17 jan 2008 - 70,85
21 jul 2008 - 38,80
HOJE, ELA VALE - 16,95
Por que será?
4 dedinhos de prosa sobre a Petrobras - Uma visão Contábil-Econômica sobre o seu futuro, publicado em Opinião.
O QUE REALMENTE ACONTECEU
Dedinho de Prosa 1
Você se lembra, há sete anos, nosso então presidente afirmando que, pela primeira vez na historia desse país, o Brasil alcançava a autossuficiência na produção de petróleo ?
Eu lembro.
E qual é a verdade passados 7 anos ?
A verdade é que a Petrobras tem produzido cada vez menos, mesmo encontrando cada vez mais jazidas.
Só em 2012 o Brasil importou R$ 15 bilhões em derivados de petróleo. Nesses mesmos 7 anos a balança comercial do petróleo e derivados apresentou um déficit superior a R$ 57 bilhões. Para se ter uma ideia, esse número é maior do que os R$ 50 bilhões que o governo pretende investir esse ano em infraestrutura.
Em 2012 a produção da Petrobras caiu 2%.
Começamos 2013 pior ainda: A produção de janeiro caiu 3,3% e fevereiro recuou 2,25%.
A Petrobras está “crescendo” como rabo de cavalo: pra baixo.
Dedinho de Prosa 2
Você se lembra de que a primeira coisa que o presidente Lula fez (depois de ter tomado um Romanée Conti) foi cancelar as compras das plataformas para a Petrobras que o antigo presidente tinha feito, pois era um absurdo comprar coisas do estrangeiro, sendo que nossa indústria naval esta sendo sucateada?
Eu lembro.
E qual a verdade passados 10 anos?
A verdade é terrível e passa pelo que esse governo aprendeu a fazer (não sei como):
Maquiagem de balanço.
Esse governo atual levou a Petrobras ao limite máximo, e perigoso, de endividamento, ou seja, com comprometimento de quase 3 vezes a sua geração de resultados.
Assim, decidiram não mais endividá-la, de forma contábil, e como cada plataforma custa R$ 3 bilhões, cancelaram as compras nacionais, levando o SINAVAL – Sindicado Naval – a denunciar a perda constante
de postos de trabalhos.
E como estão fazendo?
Simples! Em vez de comprar, alugam. Assim, a contabilização é em despesa e não em passivo a pagar. Mas quanto fica esse aluguel? É mais barato do que comprar?
Em 2011 a Petrobras gastou R$ 4 bilhões em locação. Em 2012, R$ 6 bilhões.Mas pelo menos contratou-se empresas brasileiras?
Todas as locações de plataformas são de empresas estrangeiras. Na realidade não sei se isso é maquiagem do balanço ou maquiagem do destino final do dinheiro.
Dedinho de Prosa 3
Você se lembra de que o PT, para ganhar as eleições, diz o tempo todo que é contrário às privatizações?
E que exemplo de gestão pública é o caso da Petrobras?
Eu lembro.
E qual é a verdade?
A resposta já seria fácil só pela simples leitura do acima exposto. Mas deixem-me prosear mais um caso.
Em 2006 uma empresa belga comprou uma falida refinaria no Texas por US$ 42 milhões. No ano seguinte foram vendidos 50% dessa empresa por US$ 180 milhões. Poucos meses depois os investimentos nessa empresa atingiram US$ 1,2 bilhão. Adivinhe quem foi o felizardo comprador?
Isso mesmo, a nossa Petrobras.
Passado pouco tempo, acredite, a Petrobras verificou que tinha feito um mal negócio e resolveu vender tal refinaria. Mandou avaliar. Foi avaliada por menos de US$ 100 milhões. Colocou à venda. O Tribunal de
Contas da União resolveu investigar essas estranhas negociações que gerariam um prejuízo de mais de
US$ 1 bilhão. Aí, a Petrobras suspendeu imediatamente a venda. Só no balanço do ano passado consta mais de R$ 450 milhões de despesas com essa estupenda refinaria.
Mas isso são negócios no exterior. Como são os negócios da Petrobras no Brasil? São rentáveis? Mais ou menos.
O antecessor da Dilma (ex-presidente do conselho da Petrobras, sim ela era presidente do conselho da Petrobras), aquele aposentado por invalidez (lembra, aquele que não tinha um dedo), selou um acordo com outro ex-presidente, grande estadista, o Chávez (infelizmente esse já morreu), para construção da
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, terra natal do vivente. Os dois calcularam, na ponta do lápis, o desembolso da Petrobras nessa parceria: R$ 5 bilhões.
Qual a realidade atual?
O último relatório da Petrobras aponta um custo, até hoje, de R$ 35 bilhões.
Mais duas prosinhas:
Nas vésperas de eleições o nosso nordestino presidente lançou a construção de duas Refinarias Premium.
Onde? Uma no Maranhão e outra no Ceará.
E como estão? Projetos suspensos. Por que? Agora constatou-se que não há certeza da rentabilidade na operação dessas refinarias.
Vendo tudo isso, me rebelo: Deus foi injusto em levar só o Chávez.
Dedinho de Prosa 4
Você lembra da cena daqueles 4 dedinhos sujos de petróleo? Aquele nosso ex-presidente em cima de uma plataforma sujando a mão no óleo (acho que foi a única vez na vida) para convencer os trabalhadores a retirarem o dinheiro do FGTS e investirem na Petrobras?
Eu lembro.
E o que aconteceu?
Os trabalhadores perderam 50% do patrimônio que retiraram do FGTS.
Mas como isso aconteceu?
O Mercado Financeiro, que não é controlado ou subornado por ninguém, começou a perceber que empresa é de fato a Petrobras e sua avaliação não para de cair.
O Mercado, e os investidores, perceberam que a empresa está sendo manipulada com intuitos puramente políticos, ou como “cabides de empregos” ou para mascarar a inflação, não reajustando seus preços a parâmetros internacionais.
Pior ainda. A Petrobras ajuda nosso país vizinho, a Argentina, a aprimorar essa prática de mascarar a inflação.
Como assim?
Simples: na Argentina a gasolina é vendida nos postos a aproximadamente o equivalente a R$ 0,98 o litro (aqui você sabe que pagamos em média R$ 2,80).
Como consegue isso?
A Petrobras exportou, durante anos, para a Argentina, gasolina a R$ 0,65.
Detalhe: exporta gasolina limpa, sem misturas com álcool ou outros aditivos.
É por essas, e outras, que a Petrobras é uma amostra do que acontece na administração total do nosso país, inclusive levando o Brasil a registrar um déficit na balança comercial, no primeiro trimestre de 2013, de US$ 5,1 bi, algo que não acontecia há 12 anos.
Esse ano a Petrobras completará 60 anos. Teve como seu slogan mais forte:
O Petróleo é Nosso.
A pergunta atual é: e o dinheiro vai pra quem?
Dedinho de Prosa 5
Pérai – estará dizendo o meu infortunado leitor – o título preconiza 4 dedinhos de prosa e você chegou no 5 !!!
Atualmente a Petrobras é presidida por Graça Foster. Nasceu no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, começou a trabalhar com 21 anos como estagiária na Petrobras, formou-se em engenharia na Universidade Fluminense, foi promovida para engenheira de perfuração e hoje é presidente da Petrobras. Ah, quase esqueci o mais importante, de 2003 a 2005 acumulou também a função de secretária da Dilma.
Com essa vasta experiência acadêmica, profissional, internacional e de gestão, a Graça fechou o balanço da Petrobras de 2012 apresentando um Passivo a Pagar de R$ 332,3 bilhões, tendo apenas como Ativo Realizável R$ 118,1 bilhões. Ou seja, a Petrobras deve 3 vezes o que tem em caixa. Apresentou também em 2012 o menor lucro dos últimos 8 anos, R$ 20,9 bilhões, embora a receita bruta cresça em torno de 20% ao ano.
Diante desse cenário, a bela Graça resolveu “gerar” dinheiro, pois serão necessários para o pré-sal R$ 237 bilhões até 2016.
Tanto investimento no pré-sal, mas ele dará retorno?
Ninguém sabe.
Veja:
De 1980 a 2004, o barril de petróleo era negociado a US$ 40.
De 2004 a 2009 a US$ 70 e hoje na casa dos US$ 90.
Mas essa cotação esta caindo pois as reservas mundiais de petróleo estão abarrotadas. Os EUA estão com o dobro da capacidade estocada. A tendência é de queda. Cada vez mais se descobrem, e são adotadas, novas alternativas energéticas.
Aí é que mora o problema.
O petróleo do pré-sal custa em torno de US$ 50 a 70 para ser extraído.
E se o preço internacional cair abaixo disso? Gastaremos mais, para vender por menos? E as outras soluções energéticas que estão chegando?
Mas a Graça tem que dar continuidade ao projeto, tem que gerar dinheiro. Mas como?
Vendendo os ativos da Petrobras, atitude essa como qualquer empresa em fase pré-falimentar faria. Ah, vendendo ativos não operacionais e defasados?
Não!
Vendendo tudo o que gera energia renovável, como parques eólicos, centrais hidrelétricas e termelétricas.
Mas isso tem lógica? Ela decide tudo isso sozinha?
Não!
Ela recebe ordens do Presidente do Conselho de Administração da Petrobras: Sr. Guido Mantega. E o Mantega responde a quem?
Bem, o chefe continua em plena atividade. Nos últimos meses, de jatinho particular, ele está “ajudando” o amigo Eike Batista e seu diretor Pires Neto (afastado no ano passado do Ministério dos Transportes por
escândalos ligados aos mensaleiros) a vender sondas petroleiras que a OGX comprou no exterior e que não tem utilidade. E o “coitado” do Eike pediu auxilio ao companheiro pois as ações da OGX já caíram 90% esse ano.
Adivinha como vão ajudá-lo? Adivinha para quem eles estão tramando a venda dessas inúteis sondas?
Petrobras.
O chefe deu mais ordens: Em agosto de 2012 a Dilma lançou o “pacote ferroviário” de R$ 91 bilhões.
Teria como principal meta escoar o petróleo do pré-sal.
Adivinha qual foi o principal beneficiado com as primeiras estradas de ferro?
Eike Batista. Pior. Além de utilizarem dinheiro publico para atender uma empresa privada, fizerem um acordo chamado
Modelo Ferroviário.
Sabe como funciona?
Simples:
Por esse Modelo, o Eike não precisará colocar nenhum centavo para o transporte. O governo pagará tudo.
Funcionará assim: Uma empresa constrói as ferrovias; o governo compra toda a capacidade de transporte e repassa para as empresas interessadas em usar os trilhos. Se não houver demanda, ou se for parcial, o governo paga totalmente a conta.
Não é um excelente negócio?
Não para a Petrobras. Não para o Pais. É bom para…
Depois de relatar tudo isso, se você ainda estiver lendo, e eu puder dar um conselho antes das próximas eleições, aí vai:
Não compre ações da Petrobras...
Marco Antonio Pinto de Faria
Bacharel em Ciências Contábeis, Administrador de Empresas, Auditor, Presidente e Fundador do Grupo SKILL
composto por empresas atuantes no mercado há 34 anos, oferecendo serviços de Consultoria Tributária,
Contabilidade e Tecnologia da Informação. Integrante do IBRACON –
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
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