terça-feira, 29 de julho de 2014

Gustavo Ioschpe derruba 12 mitos da educação

O economista Gustavo Ioschpe ataca novamente os professores (deve ter um sério problema de trauma na infância) e lança seu novo livro "O que o Brasil quer ser quando crescer". A matéria publicada na revista Veja traz o título "Gustavo Ioschpe derruba 12 mitos da educação".


Será que são realmente mitos?


Entenda a "análise" de Ioschpe e vejam os nossos comentários a respeito.


Juiz suspende por cinco anos direitos políticos de ex-gestor do Fundo Municipal

Ex-gestor também deve deverá ressarcir o dano no valor de R$ 35.396,69, que corresponde a 10% do total contratado

O ex-gestor do Fundo Municipal de Educação de Croatá (a 355 km de Fortaleza), Cyro Leopoldo Souza de Aragão, teve os direitos políticos suspensos pelo período de cinco anos por contratar sem licitação, em 2005. Também deverá ressarcir o dano no valor de R$ 35.396,69, que corresponde a 10% do total contratado, fixado por arbitramento, com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
Cyro Leopoldo Souza de Aragão deve pagar ainda multa de R$ 20 mil e não poderá contratar com o Poder Público, receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por cinco anos. A decisão, proferida nessa sexta-feira (25/7), é do juiz Francisco Marcello Alves Nobre, integrante do Grupo de Auxílio do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), para agilizar o julgamento de ações de improbidade e de crimes contra a administração pública (Meta 4 do CNJ).
De acordo com os autos, o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) julgou desfavoráveis as contas do ex-gestor referente ao exercício de 2005. Entre as irregularidades, constavam despesas realizadas com empresas de locação de veículos e de construção civil, sem o devido processo licitatório, totalizando R$ 353.966,99.
Por esse motivo, o Ministério Público Estadual (MP/CE), em maio de 2010, ingressou com ação civil pública requerendo a condenação do ex-gestor por ato de improbidade administrativa. Em contestação, Cyro Leopoldo Souza de Aragão disse que as despesas foram precedidas de licitação, quando necessário. Sustentou a inexistência de ato de improbidade administrativa.
Ao julgar o caso, o juiz considerou que “não foram realizados os processos licitatórios necessários às contratações especificadas na petição inicial, ressaltando que o prejuízo ao erário se mostra evidente, posto que, com a omissão apontada, impediu a contratação da melhor proposta pela Administração Pública”.
O magistrado destacou também que “o conjunto probatório dos autos não deixa dúvida da necessidade de responsabilizar o promovido pela prática de atos de improbidade administrativa que causaram prejuízo ao erário, haja vista a malversação do dinheiro público municipal pela não realização de licitações públicas consideradas legalmente obrigatórias”.

Redação O POVO Online com informações do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2014/07/28/noticiafortaleza,3289176/juiz-suspende-por-cinco-anos-direitos-politicos-de-ex-gestor-do-fundo-municipal-de-educacao-de-croata.shtml

domingo, 27 de julho de 2014

Rubem Alves

"Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos
fragmentos de futuro em que a alegria é servida como
sacramento, para que as crianças aprendam que o
mundo pode ser diferente. Que a escola,
ela mesma, seja um fragmento do
futuro..."


RUBEM ALVES



Neste programa dedicado ao pensador Rubem Alves fizemos algumas considerações sobre seus pensamentos sobre a educação e a escola.






VISITE O SITE OFICIAL DE RUBEM ALVES

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Pesquisa mostra que alunos perdem um dia de aula por semana devido a má gestão no ensino público

RIO - O mau gerenciamento das salas de aula das escolas públicas no Brasil faz com que os estudantes percam o equivalente a um dia inteiro de ensino por semana. O dado é do novo relatório “Professores excelentes: como melhorar a aprendizagem dos estudantes na América Latina e no Caribe”, divulgado pelo Banco Mundial. 

—A observação das salas de aula no Brasil mostrou que 64% do tempo são direcionados a atividades acadêmicas; 27%, à organização da sala de aula; e 9%, a atividades que não competem ao ensino. O padrão para um bom gerenciamento seria com 90% direcionados às práticas pedagógicas, e 10%, para a organização sala — afirma Barbara Burns, uma das coordenadoras da pesquisa.Ao observar mais de 15 mil salas de aula de três mil escolas em sete países latino-americanos, pesquisadores detectaram problemas relacionados às relações cotidianas entre alunos e educadores — falta de liderança, perda de tempo letivo com assuntos extracurriculares —, além de baixo padrão de formação de professores, ausência de planos de carreira, baixos salários e falhas nas avaliações de desempenho. Tudo isso, somado, explicaria o desempenho ruim dos alunos nas avaliações internacionais. 

Docente bom, aluno adiantado 

O levantamento demonstrou que alunos com os melhores docentes conseguem superar em até 50% o conteúdo previsto para uma determinada série, antecipando tópicos da seguinte. Já nas escolas com os piores professores, a turma chega ao fim do ano letivo com menos da metade do conteúdo planejado. 

A pesquisa também revelou que o desempenho escolar dos estudantes influencia na economia do país. O relatório expõe que, se o México aumentasse o rendimento médio de seus estudantes no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) até o nível da Alemanha, seu produto interno bruto (PIB) teria um incremento de dois pontos percentuais. 

— É difícil pensar em um elemento mais importante para ampliar as oportunidades para todos os latino-americanos do que a qualidade da educação — afirma Jorge Familiar, vice-presidente do Banco Mundial para a região. 

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) afirma que o Estado não fornece condições para a atuação do professor, e isso é refletido em sala de aula. 

— É inviável um bom rendimento sem formação continuada e com remuneração baixa. O que acontece na sala de aula é um reflexo da falta de estrutura. O professor está entregue a sua própria sorte — afirma Samantha Lopes Maciel, coordenadora-geral do sindicato, que ficou espantada com o índice de “perda de tempo” em sala, mas o vê como um problema de planejamento. — É necessário que o professor tenha um momento na sua carga horária para reunião e planejamento. Quando não existe, isso impacta na relação com os alunos. 

O relatório demonstra a falta de incentivo salarial. O nível de remuneração mensal em 2010, na América Latina, era entre 10% a 50% mais baixo do que a verificada em outras carreiras equivalentes. Essa relação se mantém desde 2000. 

Revisão curricular é necessária 

Para o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Moacir Feitosa, há uma deficiência na formação, que deveria ser bem mais completa. 

— Do ponto de vista acadêmico, os currículos deveriam ser mais plenos. Falta uma atenção mais intensiva aos objetivos de cada série. A distribuição do tempo fica prejudicada quando se dá atenção a várias demandas e se perde o foco na questão central. Por isso, é necessário revisarmos o currículo para cada segmento — afirma Moacir. 

A atenção mais direcionada é um dos pontos do relatório que demonstram como simples práticas podem gerar resultados. 

— Durante a observação, vimos professores que faziam coisas simples como comentar o dever de casa. Quando cruzamos com os resultados daquela turma em exames, vimos que há uma correlação positiva — afirma Barbara, que enfatiza a necessidade de investimento: — Obviamente, o professor precisa ter condições de trabalho para atuar.

Leia a notícia completa em: http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/pesquisa-mostra-que-alunos-perdem-um-dia-de-aula-por-semana-devido-ma-gestao-no-ensino-publico-13373845

quinta-feira, 24 de julho de 2014

PLANEJAR É PRECISO, EXECUTAR TAMBÉM!
http://www.gazetavaleparaibana.com/051.pdf “

O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação” (LIBÂNEO, 1994. p. 221).

O planejamento é o ato de prever ações para determinadas situações com a finalidade de atingir-se um objetivo. No caso das escolas, planejar é conceber ideias de como atingir o objetivo geral de uma escola, ou seja, de como ensinar. Como aplicar metodologias de ensino que façam o aluno despertar para o interesse de aprender. Isto não é nada fácil, pois requer do professor conhecimentos que, às vezes, a faculdade não lhe oferece.

Há que se buscar o equilíbrio entre os meios e fins, recursos e objetivos. Sempre com vistas ao melhor funcionamento de uma empresa, no nosso caso da escola. Planejar é ainda um processo no qual a reflexão tem um papel importantíssimo, pois dessas reflexões dependem as tomadas de decisões para uma possível ação a ser tomada. (PADILHA, 2001,p.30).

Quando fazemos um planejamento escolar ou de aulas temos que prever os recursos os quais iremos utilizar e quais os recursos dispomos na escola. Com isso evitamos surpresas durante a execução do nosso plano. Tem-se que buscar o equilíbrio entre essas duas forças, pois nem sempre dispomos dos recursos ade-quados para cumprirmos nossos pla-nos e se dispomos de recursos, aí então, nada mais lógico, devemos utilizá-los. Evitar o improviso, pesquisar e executar metodologias adequadas aos recursos que se dispõe e ao público a que se destina deve ser um dos eixos norteadores do planejamento. Ainda deve-se prever, dentro do planeja-mento, a avaliação daquilo que está sendo repassado aos alunos, bem como uma auto avaliação para saber se o que foi planejado está surtindo efeito ou não.

Podemos ainda supor o planejamento como um processo contínuo que a-tenda às necessidades tanto do indivíduo como da sociedade (PARRA apud SANTANA et al, 1995, p.14). De fato, planejar não nos parece um ato único e feito uma única vez e no qual não devemos mexer até o término do ano letivo. Não, no planejamento de-vemos contemplar a possibilidade de replanejar, se necessário, pois estamos recebendo alunos os quais, muitas vezes, desconhecemos suas necessidades.

Além disso, nos parece interessante, antes de planejarmos, fazer uma avaliação diagnóstica desses alunos ingressantes para saber quais as necessidades deles e qual metodologia poderá ser empregada para atingir os objetivos pré-definidos. Segundo Vasconcellos (1995, p. 56), o planejamento tem que ordenar e prever sistematicamente a vida escolar do aluno de maneira que o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar esteja de acordo com a proposta geral das experiências de aprendizagem oferecidas pela escola ao aluno, através dos componentes curriculares.

É interessante notar que, sistematizar e ordenar toda a vida escolar nos parece um tanto utópico do ponto de vista prático, pois sempre irá haver acordes dissonantes nesta orquestração. Ainda que não se deva dar asas ao improviso, nos parece de bom tom deixar-se um plano B de sobre aviso e,claro contar com um cabedal de conhecimento sólido. Algumas de nossas ações necessitam de planejamento, mas muitas não. Em nossas atividades diárias, estamos sempre agindo, e antecipamos os resultados de nossas ações, mesmo que não estejamos completa-mente cientes dessa antecipação.

Agimos com muito mais frequência do que planejamos, explicitamente, nossas ações: poucas vezes temos consciência de estarmos executando um processo de deliberação antes da ação. Assim que tomamos conhecimento de uma ação, ou quando executamos comportamentos bem treinados para os quais possuímos planos previamente armazenados, ou quando o curso de uma ação pode ser livremente adaptado enquanto ela estiver sendo executada, então, geralmente agimos e adaptamos nossas ações sem planejá-las explicitamente. Uma atividade premeditada exige deliberação quando se volta para novas situações ou tarefas e objetivos complexos ou quando conta com ações menos familiares.

O planejamento também é necessário quando a adaptação das ações é coagida, por exemplo, por um ambiente crítico envolvendo alto risco ou alto custo, por uma atividade em parceria com mais alguém, ou por uma atividade que necessite estar sincroniza-da com um sistema dinâmico. Uma vez que o planejamento é um processo muito complicado, que consome muito tempo e dinheiro, recorremos ao planejamento apenas quando é realmente necessário ou quando a relação custo X benefício nos obriga a planejar. Além disso, geralmente, procuramos somente planos bons e viáveis ao invés de planos ótimos.

É importante que o planejamento seja entendido como um processo cíclico e prático das determinações do plano, o que lhe garante continuidade, havendo uma constante realimentação de situações, propostas, resulta- dos e soluções, lhe conferindo assim dinamismo, baseado na multidisciplinaridade, interatividade, num processo contínuo de tomada de decisões. Esperamos que neste ano o planejamento saia do papel e tome forma dentro da escola. Precisamos que nossos coordenadores e diretores entrem em sintonia com o corpo docente, e que a condução da construção do planejamento seja pedagogicamente viável.

Não podemos mais perder tempo na escola com reuniões sem sentido e dinâmicas sem fundamento. Não podemos mais entregar planejamentos copiados de anos an- teriores sem proposta pedagógica e sem didática. Se servir de exemplo, segue abaixo nossa sugestão:


  •   Abertura das atividades com a retomada dos objetivos do sistema de ensino (Recomendamos aqui uma revisão da Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente e a LDBEN 9.394/1996). 
  •   Retomada da legislação especifica do seu sistema de ensino quanto a função da escola. 
  • Comparação entre a legislação e as tendências pedagógicas e teóricos atuais da educação.
  •  Exploração dos PCN’s Temas Transversais (Ética, Meio Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual; Educação & Trabalho). 
  •  Exploração dos PCN’s por área de ensino. 
  • A partir da exploração dos temas transversais, pode ser construído um mapa de conceitos com os temas que são mais urgentes na realidade em que a escola esta inserida.  
  • Discussão do calendário escolar – datas, projetos e eventos
  •  Retomada das orientações curricula-res do sistema de ensino em que o leitor está inserido. 
  •  Materiais disponíveis e infraestrutura oferecida pela escola.
  •  Estratégias de recuperação paralela e continua e organização das aulas. 

 A partir dos tópicos acima, acreditamos que os professores terão maior clareza para iniciar a construção do seu planejamento sem copiar e colar dos anos anteriores. Acreditamos, também, que a coordenação tenha em mãos seus planos estratégicos para o corrente ano para que evite o improviso ao longo do ano letivo.

 A documentação pedagógica estando afinada e de acordo com as necessidades escolares diminuirão os estresses de final de ano, tais como os índices de reprovação e a insatisfação de que os alunos não aprendem na escola pública.

Referências LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. SANT'ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Avaliar a Educação

16 de julho de 2014
"É necessário produzir abordagens que combinem as habilidades escolares com as sociais e pessoais, como colaboração, ética e cidadania", afirma Milton Alves Santos

Fonte: Estado de Minas (MG)

O que deve ser avaliado na Educação brasileira? A pergunta é capciosa. O aprendizado que crianças e adolescentes brasileiros têm nas Escolas deveria ser resultado do tipo de Educação a que eles tiveram acesso. Seria simples se aprendizado e Educação não fossem conceitos abstratos, que variam de pessoa para pessoa, dependem da classe social, da Escolaridade, da percepção e, principalmente, da bagagem que cada um carrega consigo. Se cada pessoa atribui valores diferentes para tudo devido à vivência individual, como generalizar o tema? Portanto, na prática, não existe uma resposta única e segura para a pergunta, por isso, a questão merece reflexão.Avaliar significa estabelecer parâmetros de qualidade e a qualidade da Educação está ligada ao projeto de sociedade que cada país quer para si. Nesse sentido, torna-se imprescindível a definição dos objetivos e ambições para a Educação brasileira. De algum modo, isso já está consolidado em nossa constituição, mas precisa ser constantemente reafirmado e esclarecido, pois ainda há resistências em cumprir o que determina a lei.
Na Constituição, o Art. 205 determina que a Educação deve buscar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A lei diz ainda que a Educação é um direito de todos, um dever do Estado e da família e sua realização deve contar com a participação ativa da sociedade. Há uma grande complexidade nesse artigo porque ele não define o que deve ser avaliado, mas apenas estabelece os objetivos e atores do processo educacional. Afinal, como saber se uma pessoa foi plenamente desenvolvida?
Para a Unesco, o pleno desenvolvimento da pessoa não é uma meta estática que, uma vez atingida, se estabiliza. Pelo contrário. Trata-se de um processo dinâmico que nos persegue ao longo da vida. Sendo assim, o pleno desenvolvimento é alcançado continuamente quando a pessoa satisfaz suas necessidades básicas de aprendizagem.
Essas necessidades compreendem tanto aspectos formais ensinados nas Escolas, como a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo, conhecimentos específicos e a solução de problemas, quanto aspectos sociais, que dependem da vida em sociedade para serem transmitidos, como conhecimentos gerais, habilidades, valores e atitudes.
Ainda segundo a Unesco, todas essas necessidades estão submetidas a quatro domínios fundamentais: 1) Aprender a conhecer – a aquisição do conhecimento propriamente dito; 2) Aprender a fazer – o domínio de competências que permitem aplicar o conhecimento em problemas concretos; 3) Aprender a conviver – as habilidades de convívio pacífico, democrático e colaborativo; e 4) Aprender a ser – dependente das três anteriores e materializa os efeitos do pleno desenvolvimento em cada um, tornando uma pessoa mais feliz e apta a enfrentar os vários desafios da vida na sociedade contemporânea.
Diante do exposto, é possível afirmar que as avaliações oficiais medem uma parte do pleno desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes. Basicamente, apenas a parte advinda de suas experiências Escolares.
Um exemplo é o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), uma espécie de Copa do Mundo da Educação realizada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais ricas do planeta e alguns membros convidados, entre eles, o Brasil. Essas avaliações medem o conhecimento em leitura, matemática e ciências. O resultado ranqueia os países de acordo com seu desempenho em cada um dos itens e, quanto menor o resultado, entende-se que maior deve ser o investimento naquele quesito. Após três anos, uma nova avaliação é feita nos mesmos moldes e o ciclo recomeça.
Por mais que seja aceita a ideia de que é fundamental avaliar essas três áreas do conhecimento, é preciso reconhecer que elas não representam a totalidade do pleno desenvolvimento de uma pessoa. Mantendo a metáfora do esporte, no lugar de uma Copa do Mundo precisamos de uma Olimpíada da Educação, com várias modalidades educativas e não apenas uma pequena expressão de nossas capacidades e necessidades.
Assim, resgatando a pergunta inicial, para determinar o que deve ser avaliado na Educação brasileira, é necessário produzir novas abordagens que combinem as habilidades Escolares com as sociais e pessoais, acrescentando no processo avaliativo temas como colaboração, sociabilidade, curiosidade, ética, cidadania, consumo responsável, gosto pelas artes, respeito aos direitos humanos, entre outros.
Trata-se mais de uma soma do que de uma divisão. Não se propõe o abandono de avaliações como o Pisa, mas a criação de um método de avaliação que integre os campos fundamentais do pleno desenvolvimento, permitindo um novo olhar sobre a Educação brasileira e a criação de um plano de longo prazo para nossa sociedade.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Baixa formação continuada desmotiva professores no Brasil, afirma estudo

Pesquisa do Instituto Ayrton Senna aponta ainda que tutorias como o método mais eficaz

POR 
RIO - Mais de 70% das atividades de formação continuada de professores no Brasil têm baixa eficácia e aplicabilidade, deixando o docente desmotivado e sem tempo para continuar com os estudos. Os métodos mais eficazes, as tutorias, são adotados apenas por 2% das escolas do país. Estas são principais conclusões do estudo “Formação continuada de professores no Brasil”, feito pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) em parceria com The Boston Consulting Group (BCG), consultoria multinacional de gestão empresarial. A pesquisa, inédita, foi divulgada na tarde desta segunda-feira em São Paulo, em cerimônia que contou com a presença do ministro da Educação, José Henrique Paim.

O estudo ouviu 2.732 educadores entre novembro de 2012 e março de 2013, sendo diretores de escolas (51%), coordenadores pedagógicos (18%) e professores (26%). A partir das respostas, a pesquisa identificou os principais entraves para a formação continuada de docentes no Brasil e traçou linhas de ação para a capacitação dos profissionais.
Números do estudo - Instituto Ayrton Senna

Mais de 70% dos profissionais consultados no estudo disseram que as atividades oferecidas em sua escola são de caráter coletivo e “fora da sala de aula”, como acesso a material didático, reuniões pedagógicas e participação em eventos. Para os pesquisadores, esse enfoque em práticas conjuntas e mais distantes do cotidiano escolar “resulta em iniciativas de baixo impacto na melhoria do ensino”.

Ao serem perguntados sobre como suas escolas oferecem formação continuada, 14% disseram que o projeto se dá por oferta de material didático. Outros 14%, responderam que têm horário de trabalho reservado para atividades pedagógicas coletivas, 9% alegaram que mantêm encontros com supervisores e outros 9% afirmaram que fazem cursos a distância.

Em uma das perguntas, foi pedido para que profissionais da área dessem notas de 1 a 5 para os principais desafios da formação continuada, sendo 5 o grau máximo de dificuldade. No topo da lista tanto de professores quanto de diretores ficou a “lacuna de incentivos”, com média geral de 2,9. De acordo com o estudo, isso seria decorrente da baixa percepção por parte de professores e diretores de que a continuação dos estudos pode lhes proporcionar ascensão profissional.

Em seguida, para os dois grupos, os itens que mais atrapalhariam a formação continuada seria a “escassez de tempo” e a pouca “aplicabilidade do conteúdo”. Tanto o professor quanto o diretor convergiriam ainda ao apontar que há falta de priorização de outras iniciativas que não formação, falta de alinhamento das ações de formação continuada e elevada rotatividade dos professores. Esse último item, segundo o estudo, seria agravado ainda pelo alto número de professores com contratos temporários. Dados do Censo Escolar de 2012 mostram que existem 507.166 professores temporários e 1.327.526 efetivos no Brasil.

- Um dos pontos que mais atrapalha é a troca de governos municipais e estaduais. Cada gestão traça um plano de formação continuada, com parcerias de diferentes universidades. E com isso, a cada troca de governo, temos um novo plano. É uma formação 'descontinuada' – critica o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o cientista político Daniel Cara.

As percepções, contudo, não são homogêneas em todos os estados do país. Enquanto profissionais do Sudeste, por exemplo, elegem a escassez de tempo como um dos principais entraves para a continuação dos estudos, em grande parte do Sul e em Rondônia, Tocantis e parte do Nordeste, este é um considerado um “desafio leve”. Por outro lado, se nos estados do Norte, é a alta rotatividade dos professores o maior culpado, no Rio ela seria encarada com mais facilidade pelos educadores.

De acordo com o estudo, as disparidades regionais demandariam abordagens diferenciadas para a formação continuada, inclusive na questão curricular. A pesquisa ressalta que uma das maiores dificuldades seria responder a essa questão: como produzir um material que sirva ao professor de São Paulo e ao do interior da Região Norte?

- Tirando situações que envolvam questões mais neutras como o ensino de fração na Matemática, o ideal seria que cada lugar desenvolvesse suas práticas de formação continuada, obedecendo as realidades locais. No entanto, para que isso ocorra, o MEC tem que estabelecer desde já uma diretriz curricular comum, coisa que ainda não temos – afirma Maria Helena Guimarães de Castro, diretora executiva da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e uma das educadoras que participou do estudo.

TUTORIA PEDAGÓGICA E PLANO DE CARREIRA

Além do panorama geral, o estudo também traça planos para implementar de modo eficaz a formação continuada. Uma das principais soluções sugeridas pelo estudo é a tutoria pedagógica ou professores-tutores nas redes de ensino. O estudo cita ainda o caso da rede estadual de Goiás, que implementou a prática e agora colhe os frutos. Lá, docentes são supervisionados por colegas mais experientes e outros educadores, além de receberem avaliações de desempenho e “feedbacks” e manterem reuniões frequentes com suas equipes pedagógicas. Em contraste, apenas 2% dos entrevistados no estudo disseram receber esse acompanhamento.

Os pesquisadores chamam atenção ainda para a urgência de se institucionalizarem planos de carreira que estimulem a qualificação do profissional. Vale lembrar que essa é uma das 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado mês passado pela presidente Dilma Rousseff.


Natália Souza sabe muito bem a importância dos estudos. Professora de História na Escola Sesc, de ensino privado, e de uma escola municipal na comunidade de Cidade de Deus, no Rio, Natália conta que percebe bem como cada rede lida com a questão da formação continuada. Enquanto na escola particular paga seus estudos de pós-graduação, a rede municipal lhe dá acréscimo de R$ 200 por titulação de mestrado.

- Na rede pública, não há oferta nenhuma. A iniciativa tem que partir de nós. Eu fiz mestrado porque eu quis e porque houve incentivo da Escola Sesc. É uma pena, porque nos sentimos mais seguros ao lecionar depois de um curso de reciclagem – afirma a professora.


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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Do discurso para a execução

14 de julho de 2014
Especialista em políticas públicas educacionais, Carlos Roberto Jamil Cury destaca os desafios que se abrem com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) e as oportunidades de melhorias que ele traz consigo

Fonte: Revista Educação

Com três anos de atraso, o Congresso aprovou, em junho passado, a versão definitiva do Plano Nacional de Educação (PNE). São 20 metas que devem ser cumpridas pelo governo federal, estados e municípios nos próximos dez anos, contados a partir da sanção da lei pela presidente Dilma Rousseff. Nessa entrevista, Carlos Roberto Jamil Cury, especialista em políticas públicas educacionais, analisa os desafios do plano e seu potencial para mudar a educação brasileira. Cury é professor emérito da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, entre outros cargos, ocupou ao longo de sua carreira a presidência do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Em suas palavras, o PNE representa a oportunidade de ouro para avançarmos na quantidade e na qualidade da educação, especialmente porque desta vez foi incluída uma meta de financiamento – elemento fundamental que ficou de fora do primeiro PNE e inviabilizou sua implementação. Apesar dos avanços, a execução da lei depende de muitos fatores, entre eles da concretização de um Sistema Nacional de Educação que articule estados e municípios e o Distrito Federal em “favor das finalidades maiores da educação”.
Analisando de maneira geral, o que o governo, os partidos e os movimentos da sociedade civil demonstraram ao longo desses três anos de negociações em torno do PNE? Qual a sua análise sobre esse processo?
Durante o tempo de tramitação do projeto, houve inúmeras audiências públicas na Comissão de Educação da Câmara e mesmo do Senado. Foram convidadas organizações da sociedade civil, como o Todos pela Educação, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, associações profissionais e científicas, além de representantes governamentais, a exemplo do Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Havia um razoável consenso quanto à maioria das metas e das estratégias. Os pontos de conflito foram: os 10% do PIB; se se adicionaria ou não o adjetivo ‘pública’ após o substantivo ‘educação’; se o enunciado seria só os professores ou os professores e as professoras e, finalmente, o modo de inclusão do enunciado no Plano do Custo-aluno-qualidade, que consta da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). A delonga na aprovação do PNE também evidenciou a dificuldade de passar à ação e à efetividade a sempre proclamada (e adiada) prioridade da educação. Ficamos três anos sem metas oficiais para a educação.
O que o PNE recém-aprovado traz de novo em comparação com a proposta anterior? E qual o legado do primeiro PNE?
A grande novidade é a assinalação de recursos para o devido investimento. Que sejam os 7% do PIB para o primeiro quinquênio, sejam os 10% na chegada do ano 2022 (bicentenário da Independência), desta vez não se poderá dizer que haverá veto ao financiamento. O importante é que o investimento seja feito com rigor, com racionalização e com destinação legal. O legado do primeiro PNE foi o de ter registrado metas a partir de uma radiografia consistente. As metas, no entanto, ficaram muito mais como referências do que algo a ser atingido. Mas o que ficou de negativo, no anterior, foi a consciência aguda de que sem financiamento não há plano porque as metas não se sustentam.
Quais são as perspectivas que se abriram com a promessa de que, em até dez anos, 10% do PIB, no mínimo, será aplicado na educação?
É preciso notar que, no primeiro quinquênio, o investimento deverá chegar aos 7% do PIB. Já o de 10% é ao final do segundo quinquênio. Não se pense que é pouco dinheiro. Contudo, sem um controle civil destes recursos, como o exercido pelos Conselhos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), sem um controle dos órgãos existentes para tal, como os Tribunais de Contas, ou as metas não se atingem ou elas ficarão parcialmente comprometidas. Como o investimento é de grande porte, será possível ampliar significativamente o acesso a todas as etapas obrigatórias (de 4 a 17 anos) e se pensar nos flancos abertos da formação inicial dos docentes, na formação continuada, na melhoria salarial dentro de uma carreira e, então, na avaliação de desempenho. Em outros termos: é a oportunidade de ouro para avançar na quantidade e na qualidade.
Entre as metas do PNE estão a erradicação do analfabetismo e 25% de oferta de ensino integral. É possível cumprir metas ambiciosas como essas em uma década?
De fato são metas ambiciosas. Mas quem não sonha com catedral, não constrói igreja. Elas são urgentes e necessárias. É preciso, entrementes, que o regime de colaboração, agora à luz do Sistema Nacional de Educação – cujo perfil operatório é de fundamental importância –, entre em ação. Vale dizer, é preciso que os governos todos se empenhem, no regime federativo, em uma mesa de negociação para que a gestão não se disperse e nem os recursos se percam.
O governo federal conseguiu evitar que fossem retirados da base de cálculo os recursos aplicados em entidades filantrópicas e programas de expansão do ensino, como o Fies, e o ProUni. O relator do PNE disse que esses valores são insignificantes se comparados ao que será investido em educação pública. Você está de acordo?
Esses recursos, amanhã, poderão fazer falta. Trata-se de uma possibilidade. Ocorre que há um dispositivo constitucional, o artigo 213, que faculta essa possibilidade, reiterada na LDB. Por sua vez, o PNE é uma lei ordinária. Então o dispositivo está valendo. Será preciso regulamentar essa franquia, com as devidas condicionalidades, e, por outro lado, ampliar a face pública do Estado tanto na oferta da educação profissional quanto no ensino superior. O único programa que entendo fora deste cômputo, dentro do parâmetro legal, é o Fies. Trata-se de um contrato entre o indivíduo e um banco. E embora o banco possa ser estatal, o Fies depende de uma ação voluntária do sujeito em contratar tal financiamento.
O PNE não explicita qual deve ser o incremento financeiro que cabe à União e aos entes subnacionais para chegar aos 10% do PIB. Como então a sociedade poderá cobrar o cumprimento dessa meta?
Esse talvez seja o mais difícil dispositivo na forma de sua montagem e operação. Para tanto será preciso aprovar uma lei complementar, como previsto no parágrafo único do art. 23 da Constituição. Sem a aprovação desta lei complementar, o caminho será complicado e o Sistema Nacional de Educação não fechará. Para mim, é o artigo-chave dos recursos referidos ao PIB e o que possibilitaria a criação de um fundo de caráter nacional que, mediante uma radiografia minuciosa, seja redistribuído de forma a reduzir as disparidades regionais.
Qual seria a diferença entre esse fundo e o Fundeb?
O atual Fundeb é constituído por 27 fundos estaduais, sendo que em alguns estados há com-plementação da União. Um Fundo Nacional a ser dirigido pela União e assessorado por mesa interfederativa permitirá a redução de disparidades hoje existentes, seja nas transferências obrigatórias, seja nas voluntárias. Ou seja, um fundo nacional pode ser mais justo por ser equitativo.
Qual sua avaliação sobre a inclusão de metas para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa)?
Não acho que indicadores de avaliações nacionais ou internacionais devam compor o Plano. Uma lei tem um sentido permanente e estas avaliações são mutáveis. Esses indicadores são termômetros de uma situação. Logo evidenciam coisas que não vão bem, mas tomá-los como referência principal pode ocultar outras coisas importantes. Certamente que tais avaliações hão de continuar. Mas elas devem cooperar com o Plano, porém de maneira auxiliar.
Não estão previstas medidas contra os gestores que descumprirem as metas. Isso coloca o PNE em risco?
Hoje já temos medidas suficientes previstas em vários dispositivos, é preciso aplicá-las. A meu ver, seria importante uma espécie de código que reunisse em um só lugar todos os dispositivos. Um ponto, geralmente esquecido, apesar de constante em lei, é a obrigatoriedade de ouvidorias para que o cidadão tenha um canal direto com os gestores. A reunião de tais normas em uma Lei de Responsabilidade Educacional poderá se explicitar, clarificar e até aperfeiçoar as mesmas normas.

sábado, 5 de julho de 2014

"PNE não faz da qualidade da educação uma prioridade", diz especialista

Para Vera Cabral, plano que estabelece 20 temas e 200 estratégias para a educação atende a pressões corporativas e restringe ações ao poder público

Bianca Bibiano
Vera Cabral, consultora de tecnologia educacional e criadora da Escola de Formação de Professores de São Paulo
Vera Cabral, consultora de tecnologia educacional e criadora da Escola de Formação de Professores de São Paulo(Acervo pessoal)
"A educação não é vista como mecanismo para desenvolver a sociedade e ainda não será com esse plano que ela vai ganhar esse destaque."
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff sancionou o Plano Nacional de Educação (PNE), documento que estabelece 20 metas e mais de 200 estratégias para o setor no Brasil nos próximos dez anos. Para a economista especialista em educação Vera Cabral, a lei traz avanços, mas deixa de lado dois pontos essenciais: a exigência de qualidade e a participação da sociedade. Ela exemplifica a primeira lacuna desta forma: "O PNE tem cinco metas para tratar do aumento do número de professores com formação superior, da criação de um plano de carreira e do aumento de salários, mas nenhuma delas trata do que deve ser feito para que os docentes deem aulas melhores, elevando assim a qualidade do ensino", diz. A segunda lacuna é, segundo a especialista, a seguinte: "O PNE restringe ao poder público as iniciativas a serem tomadas, não deixando espaço para empresas e fundações que atuam com educação." Vera é consultora da BETT, feira de tecnologia realizada anualmente na Inglaterra. Em 2009, foi responsável pela criação da Escola de Formação de Professores, juntamente com a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Confira a seguir os principais trechos da entrevista que ela concedeu a VEJA.com.
Leia também:

A aprovação do PNE é um avanço para o ensino brasileiro? É difícil falar em avanço quando lembramos que o PNE levou quatro anos para ser votado no Congresso (antes de ser sancionado pela presidente). Ele deveria ter começado a vigorar em 2011. O processo de idas e vindas na tramitação também prejudicou a perspectiva de trabalharmos com metas claras para o decênio. O que foi apresentado, ao final, não é um plano nacional de educação, mas sim um programa do governo, que centraliza a melhoria do ensino na esfera federal e não considera outros atores, que poderiam ter sido efetivamente mobilizados para participar da decisão, como empresas e fundações que atuam com educação. O texto apresentado em 2010 foi imposto pelo Ministério da Educação e, mesmo com os debates que se seguiram sobre as metas, não define um pacto para que a gestão do ensino seja mais bem trabalhada.
O problema são as metas apresentadas? Não, as metas são razoáveis e, apesar de ambiciosas, condizentes com nossa necessidade atual. O problema está em como a lei vai ser executada. O que temos é um texto que reflete uma visão ultrapassada de educação democrática. Vimos crescer o número de manifestações da sociedade pedindo educação “padrão Fifa”, mas aprovamos um plano de educação que não aprimora a gestão do sistema. Por mais que grupos organizados tenham se mobilizado para pressionar a aprovação, a efetivação das estratégias para chegar às metas é de total responsabilidade do poder público, mais fortemente no nível federal. O MEC vai impor o plano, os Estados e municípios vão replicá-lo e as outras partes interessadas vão continuar à margem da discussão.
Em diferentes trechos o PNE fala sobre o regime de colaboração para cumprir as metas. Não seria essa uma forma de descentralizar responsabilidades? Deveria ser, mas essa expressão é usada de maneira vazia e não existe na prática. Os índices educacionais mostram que os níveis de qualidade do ensino caem gravemente na transição do ensino fundamental, sob responsabilidade da rede municipal, para o ciclo médio, a cargo da rede estadual. Essa é uma questão latente e que deve ser considerada para garantir equidade na oferta do ensino, mas em nenhum momento ela é abordada no plano, que apenas traduz a responsabilidade dos dois lados com a expressão “regime de colaboração”. Não há estratégia para evitar que o aluno passe ao nível seguinte sem ter aprendido o adequado para a etapa anterior. O plano não dá assistência técnica para as escolas saberem como vão trabalhar juntas, apenas diz que elas devem fazê-lo. A decisão fica restrita aos entes federados, mas não especifica como será a ação coordenada, decisão que ficará a cargo de negociações entre os governantes.
Como deveria ser essa perspectiva colaborativa? Deveria envolver empresas, terceiro setor e sociedade de modo geral. Efetivamente, não apenas no debate, como vem sendo feito até agora. A tecnologia poderia ser uma grande aliada, por oferecer facilidade de monitoramento e comunicação. O PNE não é o plano de uma nação que olha para a educação e caminha na mesma direção. Para funcionar, as decisões deveriam ser orquestradas. Pelas metas 15 e 16, que falam da necessidade de ampliar a formação de professores em nível de graduação e pós-graduação, por exemplo, a capacitação docente se dará basicamente nas instituições públicas de ensino superior. São objetivos que ignoram o fato de que a maior parte dos docentes estuda em instituições privadas e baratas, exatamente onde deveria haver maior preocupação em garantir formação de qualidade. Há atores que gostariam e deveriam ser incluídos na efetivação das metas e, nesse caso da formação de docentes, o setor de ensino privado deveria estar envolvido.
O PNE dá grande destaque à valorização docente, tratando do tema em cinco metas. Elas não deveriam tratar da preocupação com o que é ensinado aos professores nos cursos de formação? Sim, deveriam, mas não o fazem. A discussão sobre a valorização dos professores colocada no texto é muito coorporativa. As metas dizem que professor deve fazer graduação na área em que atua, mas desconsideram que os cursos de licenciaturas hoje não prezam pela prática, mas sim pela teoria. É contraproducente definir as metas sem considerar esse fato. Na Finlândia, a pós-graduação é obrigatória para os professores, mas os cursos oferecidos são direcionados ao aperfeiçoamento da prática de sala de aula. No Brasil, o docente que faz mestrado não volta para o ensino básico, ele aprende a ser um pesquisador e, na maioria das vezes, fica no ensino superior. O PNE deveria incentivar a necessidade de formação direcionada à melhoria da atuação do profissional no ambiente escolar, não apenas focar na certificação que o docente ganhará após o curso.
O texto peca por não vincular a valorização docente à melhoria da qualidade do ensino? Sim, nenhuma das cinco metas atrela a valorização profissional à qualidade do serviço oferecido. É claro que os professores precisam de melhores salários e planos de carreira formalizados, como foi dito na meta 17 do plano. No entanto, o tópico é descolado das outras metas, como se apenas dizer que o docente precisa ser valorizado resolvesse o problema, quando na verdade deveria seguir a lógica do mérito: o aluno aprende, o professor é valorizado porque ensinou bem. Um sistema educacional que não melhora em qualidade não favorece a valorização do profissional. O plano, entretando, não coloca essa questão.
As demais metas não criam o vínculo com qualidade? Não, o texto inteiro fala de expansão — de vagas, de matrículas, de número de professores—, mas não diz para onde vamos expandir. E, pior, prevê a ampliação apenas no setor público, que tem suas limitações e dificilmente conseguirá crescer sozinho para atingir as metas. O setor privado, que atua intensamente na área, foi rechaçado pelos movimentos sociais e por dirigentes públicos durante o debate. Isso prejudica o avanço. Um exemplo é a educação profissional, que é alvo da meta 10. A expansão das vagas atreladas ao ensino médio não prevê diálogo com o mercado de trabalho. É sabido que esse nível de ensino não tem o devido reconhecimento. Apenas aumentar o número de pessoas não irá mudar o quadro. O Senai, por exemplo, conseguiu resolver esse problema vinculando seus cursos técnicos ao mercado de trabalho, criando parcerias para estágios e programas de contratação de recém-formados. Os profissionais são valorizados porque estudam na perspectiva de mercado. Medidas semelhantes não foram consideradas no PNE.
Mas não seria reducionista pensar na educação da perspectiva do mercado? É reducionista se falarmos apenas no contexto produtivo, de formar mão de obra. Mas defendo que o ensino seja um fator de igualdade de oportunidades, não apenas o meio de garantir emprego formal. A educação dá ferramentas para o crescimento produtivo da nação. O PNE não tem essa visão, ele traz uma lista de metas baseadas na ampliação, não na qualidade. A educação não é vista como mecanismo para desenvolver a sociedade e ainda não será com esse plano que ela vai ganhar esse destaque.


Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pne-nao-faz-da-qualidade-da-educacao-uma-prioridade-diz-especialista

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O QUE REALMENTE ACONTECEU NA PETROBRAS

O QUE REALMENTE ACONTECEU NA PETROBRAS

As decisões mais acertadas são tomadas por quem está mais bem informado,  
portanto, vale a pena perder (ou ganhar) um tempinho e ler este artigo.
Em janeiro 2008 havia ações da Petrobras - PTR4, cujos valores eram:
  DATA              R$  
03 jan 2008  -  85,60
17 jan 2008  -  70,85
21 jul  2008  -  38,80
HOJE, ELA VALE -  16,95
Por que será?
4 dedinhos de prosa sobre a Petrobras - Uma visão Contábil-Econômica sobre o  seu futuro, publicado em Opinião.
 O QUE REALMENTE ACONTECEU
Dedinho de Prosa 1
Você se lembra, há sete anos, nosso então presidente afirmando que, pela primeira vez na historia  desse país, o Brasil alcançava a autossuficiência na produção de petróleo ? 
Eu lembro. 
E qual é a verdade passados 7 anos ? 
A verdade é que a Petrobras tem produzido cada vez menos, mesmo encontrando cada vez mais jazidas.
Só em 2012 o Brasil importou R$ 15 bilhões em derivados de petróleo. Nesses mesmos 7 anos a balança  comercial do petróleo e derivados apresentou um déficit superior a R$ 57 bilhões. Para se ter uma ideia,  esse número é maior do que os R$ 50 bilhões que o governo pretende investir esse ano em infraestrutura. 
Em 2012 a produção da Petrobras caiu 2%. 
Começamos 2013 pior ainda: A produção de janeiro caiu 3,3% e fevereiro recuou 2,25%.
A Petrobras está “crescendo” como rabo de cavalo: pra baixo. 
Dedinho de Prosa 2 
Você se lembra de que a primeira coisa que o presidente Lula fez (depois de ter tomado um Romanée Conti)  foi cancelar as compras das plataformas para a Petrobras que o antigo presidente tinha feito, pois era um  absurdo comprar coisas do estrangeiro, sendo que nossa indústria naval esta sendo sucateada? 
Eu lembro. 
E qual a verdade passados 10 anos? 
A verdade é terrível e passa pelo que esse governo aprendeu a fazer (não sei como):
Maquiagem de balanço. 
Esse governo atual levou a Petrobras ao limite máximo, e perigoso, de endividamento, ou seja, com  comprometimento de quase 3 vezes a sua geração de resultados. 
Assim, decidiram não mais endividá-la, de forma contábil, e como cada plataforma custa R$ 3 bilhões,  cancelaram as compras nacionais, levando o SINAVAL – Sindicado Naval – a denunciar a perda constante  
de postos de trabalhos. 
E como estão fazendo? 
Simples! Em vez de comprar, alugam. Assim, a contabilização é em despesa e não em passivo a pagar. Mas quanto fica esse aluguel? É mais barato do que comprar? 
Em 2011 a Petrobras gastou R$ 4 bilhões em locação. Em 2012, R$ 6 bilhões.Mas pelo menos contratou-se empresas brasileiras? 
Todas as locações de plataformas são de empresas estrangeiras. Na realidade não sei se isso é maquiagem  do balanço ou maquiagem do destino final do dinheiro.
Dedinho de Prosa 3 
Você se lembra de que o PT, para ganhar as eleições, diz o tempo todo que é contrário às privatizações?  
E que exemplo de gestão pública é o caso da Petrobras? 
Eu lembro. 
E qual é a verdade? 
A resposta já seria fácil só pela simples leitura do acima exposto. Mas deixem-me prosear mais um caso. 
Em 2006 uma empresa belga comprou uma falida refinaria no Texas por US$ 42 milhões. No ano seguinte  foram vendidos 50% dessa empresa por US$ 180 milhões. Poucos meses depois os investimentos nessa  empresa atingiram US$ 1,2 bilhão. Adivinhe quem foi o felizardo comprador? 
Isso mesmo, a nossa Petrobras.
Passado pouco tempo, acredite, a Petrobras verificou que tinha feito um mal negócio e resolveu vender tal  refinaria. Mandou avaliar. Foi avaliada por menos de US$ 100 milhões. Colocou à venda. O Tribunal de  
Contas da União resolveu investigar essas estranhas negociações que gerariam um prejuízo de mais de  
US$ 1 bilhão. Aí, a Petrobras suspendeu imediatamente a venda. Só no balanço do ano passado consta  mais de R$ 450 milhões de despesas com essa estupenda refinaria. 
Mas isso são negócios no exterior. Como são os negócios da Petrobras no Brasil? São rentáveis? Mais ou menos. 
O antecessor da Dilma (ex-presidente do conselho da Petrobras, sim ela era presidente do conselho da  Petrobras), aquele aposentado por invalidez (lembra, aquele que  não tinha um dedo), selou um acordo  com outro ex-presidente, grande estadista, o Chávez (infelizmente esse já morreu), para construção da  
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, terra natal do vivente. Os dois calcularam, na ponta do lápis,  o desembolso da Petrobras nessa parceria: R$ 5 bilhões. 
Qual a realidade atual? 
O último relatório da Petrobras aponta um custo, até hoje, de R$ 35 bilhões.
Mais duas prosinhas: 
Nas vésperas de eleições o nosso nordestino presidente lançou a construção de duas Refinarias Premium.  
Onde? Uma no Maranhão e outra no Ceará. 
E como estão? Projetos suspensos. Por que? Agora constatou-se que não há certeza da rentabilidade na  operação dessas refinarias. 
Vendo tudo isso, me rebelo: Deus foi injusto em levar só o Chávez.
Dedinho de Prosa 4 
Você lembra da cena daqueles 4 dedinhos sujos de petróleo? Aquele nosso ex-presidente em cima de uma  plataforma sujando a mão no óleo (acho que foi a única vez na vida) para convencer os trabalhadores a  retirarem o dinheiro do FGTS e investirem na Petrobras? 
Eu lembro. 
E o que aconteceu? 
Os trabalhadores perderam 50% do patrimônio que retiraram do FGTS. 
Mas como isso aconteceu? 
O Mercado Financeiro, que não é controlado ou subornado por ninguém, começou a perceber que empresa  é de fato a Petrobras e sua avaliação não para de cair. 
O Mercado, e os investidores, perceberam que a empresa está sendo manipulada com intuitos puramente  políticos, ou como “cabides de empregos” ou para mascarar a inflação, não reajustando seus preços a  parâmetros internacionais.
Pior ainda. A Petrobras ajuda nosso país vizinho, a Argentina, a aprimorar essa prática de mascarar a inflação. 
Como assim? 
Simples: na Argentina a gasolina é vendida nos postos a aproximadamente o equivalente a R$ 0,98 o litro  (aqui você sabe que pagamos em média R$ 2,80). 
Como consegue isso? 
A Petrobras exportou, durante anos, para a Argentina, gasolina a R$ 0,65.
Detalhe: exporta gasolina limpa, sem misturas com álcool ou outros aditivos. 
É por essas, e outras, que a Petrobras é uma amostra do que acontece na administração total do nosso país,  inclusive levando o Brasil a registrar um déficit na balança comercial, no primeiro trimestre de 2013, de  US$ 5,1 bi, algo que não acontecia há 12 anos. 
Esse ano a Petrobras completará 60 anos. Teve como seu slogan mais forte: 
O Petróleo é Nosso. 
A pergunta atual é: e o dinheiro vai pra quem?
Dedinho de Prosa 5 
Pérai – estará dizendo o meu infortunado leitor – o título preconiza 4 dedinhos de prosa e você chegou no 5 !!! 
Atualmente a Petrobras é presidida por Graça Foster. Nasceu no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro,  começou a trabalhar com 21 anos como estagiária na Petrobras, formou-se em engenharia na Universidade  Fluminense, foi promovida para engenheira de perfuração e hoje é presidente da Petrobras.  Ah, quase esqueci o mais importante, de 2003 a 2005 acumulou também a função de secretária da Dilma.
Com essa vasta experiência acadêmica, profissional, internacional e de gestão, a Graça fechou o balanço da  Petrobras de 2012 apresentando um Passivo a Pagar de R$ 332,3 bilhões, tendo apenas como Ativo Realizável  R$ 118,1 bilhões. Ou seja, a Petrobras deve 3 vezes o que tem em caixa. Apresentou também em 2012 o  menor lucro dos últimos 8 anos, R$ 20,9 bilhões, embora a receita bruta cresça em torno de 20% ao ano. 
Diante desse cenário, a bela Graça resolveu “gerar” dinheiro, pois serão necessários para o pré-sal  R$ 237 bilhões até 2016. 
Tanto investimento no pré-sal, mas ele dará retorno? 
Ninguém sabe.
Veja: 
De 1980 a 2004, o barril de petróleo era negociado a US$ 40.
De 2004 a 2009 a US$ 70 e hoje na casa dos US$ 90. 
Mas essa cotação esta caindo pois as reservas mundiais de petróleo estão abarrotadas. Os EUA estão com  o dobro da capacidade estocada. A tendência é de queda. Cada vez mais se descobrem, e são adotadas,  novas alternativas energéticas. 
Aí é que mora o problema. 
O petróleo do pré-sal custa em torno de US$ 50 a 70 para ser extraído. 
E se o preço internacional cair abaixo disso? Gastaremos mais, para vender por menos? E as outras soluções  energéticas que estão chegando? 
Mas a Graça tem que dar continuidade ao projeto, tem que gerar dinheiro. Mas como? 
Vendendo os ativos da Petrobras, atitude essa como qualquer empresa em fase pré-falimentar faria. Ah, vendendo ativos não operacionais e defasados? 
Não! 
Vendendo tudo o que gera energia renovável, como parques eólicos, centrais hidrelétricas e termelétricas.
Mas isso tem lógica? Ela decide tudo isso sozinha? 
Não! 
Ela recebe ordens do Presidente do Conselho de Administração da Petrobras: Sr. Guido Mantega. E o Mantega responde a quem? 
Bem, o chefe continua em plena atividade. Nos últimos meses, de jatinho particular, ele está “ajudando”  o amigo Eike Batista e seu diretor Pires Neto (afastado no ano passado do Ministério dos Transportes por  
escândalos ligados aos mensaleiros) a vender sondas petroleiras que a OGX comprou no exterior e que  não tem utilidade. E o “coitado” do Eike pediu auxilio ao companheiro pois as ações da OGX já caíram  90% esse ano. 
Adivinha como vão ajudá-lo? Adivinha para quem eles estão tramando a venda dessas inúteis sondas? 
Petrobras.
O chefe deu mais ordens: Em agosto de 2012 a Dilma lançou o “pacote ferroviário” de R$ 91 bilhões.  
Teria como principal meta escoar o petróleo do pré-sal. 
Adivinha qual foi o principal beneficiado com as primeiras estradas de ferro? 
Eike Batista. Pior. Além de utilizarem dinheiro publico para atender uma empresa privada, fizerem um acordo chamado  
Modelo Ferroviário. 
Sabe como funciona? 
Simples: 
Por esse Modelo, o Eike não precisará colocar nenhum centavo para o transporte. O governo pagará tudo.  
Funcionará assim: Uma empresa constrói as ferrovias; o governo compra toda a capacidade de transporte  e repassa para as empresas interessadas em usar os trilhos. Se não houver demanda, ou se for parcial,  o governo paga totalmente a conta. 
Não é um excelente negócio? 
Não para a Petrobras. Não para o Pais. É bom para…
Depois de relatar tudo isso, se você ainda estiver lendo, e eu puder dar um conselho antes das próximas  eleições, aí vai:
Não compre ações da Petrobras...

Marco Antonio Pinto de Faria
Bacharel em Ciências Contábeis, Administrador de Empresas, Auditor, Presidente e Fundador do Grupo SKILL  
composto por empresas atuantes no mercado há 34 anos, oferecendo serviços de Consultoria Tributária,  
Contabilidade e Tecnologia da Informação. Integrante do IBRACON – 
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

PNE: 10 perguntas para tirar suas dúvidas sobre o Plano Nacional de Educação

Foi sancionado no último dia 26 de junho o Plano Nacional de Educação (PNE), lei que tramitou no Congresso Nacional durante quatro anos e estabelece 20 metas para serem cumpridas até 2023. Entre os objetivos estão ampliar o acesso desde a educação iInfantil até o ensino superior, melhorar a qualidade de forma que os estudantes tenham o nível de conhecimento esperado para cada idade, e valorizar os professores com medidas que vão da formação ao salário dos docentes.
Abaixo, listamos 10 perguntas básicas que ajudam a entender melhor o PNE, como ele será colocado em prática e quais serão as suas consequências:



1. O que é o Plano Nacional de Educação?
O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma lei ordinária, prevista na Constituição Federal, que entrou em vigência no dia 26 de junho de 2014 e valerá por 10 anos. Ela estabelece diretrizes, metas e estratégias de concretização no campo da educação. A partir do momento em que o PNE começa a valer, todos os planos estaduais e municipais de Educação devem ser criados ou adaptados em consonância com as diretrizes e metas estabelecidas por ele.

2. Quais são as metas do PNE?
O PNE tem 20 metas que abrangem todos os níveis de formação, desde a educação infantil até o nsino superior, com atenção para detalhes como a educação inclusiva, a melhoria da taxa de escolaridade média dos brasileiros, a formação e plano de carreira para professores, bem como a gestão e o financiamento da Educação. O plano também dá grande peso ao financiamento e ampliação dos invetsimentos. Conheça cada uma das metas.

3. Quanto o Brasil investe em educação atualmente?
A porcentagem do investimento público direto em educação, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país, foi de 5,3% em 2012, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A meta do PNE é que o país passe a investir o equivalente a 10% do PIB em educação. Isso deverá significar o montante de R$ 50 bilhões investidos anualmente em educação. Ou seja, o dinheiro destinado à educação deverá ser quase o dobro ao fim da vigência do plano, em 2023. Lembrando que a meta é que o investimento cresça gradualmente: a ampliação deve ser para 7% do PIB nos próximos cinco anos, chegando a 10% no prazo dos cinco anos seguintes.

4. De onde vai sair o dinheiro para aumentar o investimento em educação para 10% do PIB?
A lei de destinação dos royalties do petróleo, sancionada em 2013, estabelece que 75% desses recursos e 50% do Fundo Social do Pré-Sal serão destinados à educação. Esta é uma das principais fontes para se atingir, em 10 anos, a meta equivalente a R$ 50 bilhões anuais para a área. No decorrer da vigência da lei deverá também haver uma redistribuição orçamentária, especialmente do governo federal – que passará a ter maior participação no investimento total em educação, além da criação de novas fontes de recursos que garantam que o objetivo do PNE seja atingido.

5. O que é Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi)?
No prazo de dois anos a partir da vigência do PNE, será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi), um valor nacional mínimo que deverá ser invetsido por estudante para garantir a qualidade do ensino a cada etapa da educação básica. O indicador será referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na legislação educacional, e terá o financiamento calculado com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem. O CAQi será progressivamente reajustado até a implementação plena do Custo Aluno-Qualidade (CAQ).

6. O dinheiro do PNE poderá ser investido na educação privada?
O PNE prevê investimento na educação privada uma vez que estabelece, como estratégia para o aumento de matrículas no ensino superior, a ampliação de programas como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni). Para a expansão de matrículas na educação profissional, também há a previsão de aumentar a oferta de financiamento estudantil que é oferecida em instituições privadas de nível superior.

7. O salário dos professores vai aumentar?
Este é um dos grandes desafios do PNE. Algumas das metas do plano envolvem diretamente o professor, a valorização do magistério e o investimento na formação e na carreira de docentes. A meta 17, por exemplo, estabelece o respeito a profissionais de magistério das redes públicas da educação básica, com o objetivo de equiparar seu rendimento médio ao dos profissionais com escolaridade equivalente. Portanto, o salário dos professores deve, sim, aumentar. Isto deve acontecer até o final do sexto ano da vigência da lei.

8. O PNE vai aumentar o número de vagas em creches?
Sim. A primeira meta do PNE trata da Educação Infantil, e estabelece até o fim da vigência da lei deve-se ampliar a oferta de vagas em creches para atender pelo menos 50% das crianças de zero a 3 anos. A meta é, também, que esta fase do ensino seja universalizada até 2016 para crianças de 4 a 5 anos de idade. Ou seja: em 2023, metade das crianças de até 3 anos de idade deverão estar matriculadas em creches, e 100% das que têm 4 ou 5 anos de idade devem frequentar a escola.

9. O PNE vai aumentar o número de vagas no Ensino Superior?
Sim. A meta número 12 do Plano é elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público.

10. Quem vai fiscalizar o cumprimento do PNE?
O próprio PNE estabelece que a execução e cumprimento deverão ser monitorados de forma contínua, com avaliações periódicas. São responsáveis por esta fiscalização o Ministério da Educação (MEC), a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, o Conselho Nacional de Educação (CNE) e o Fórum Nacional de Educação. O monitoramento será realizado por meio de documentos, como estudos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que devem ser publicados a cada dois anos durante a vigência da lei para mostrar a aplicação do Plano, e a realização de atividades como Conferências Nacionais de Educação. Os cidadãos que desejarem acompanhar o cumprimento das metas podem monitorar os índices no Observatório do PNE.


Fonte: http://www.ebc.com.br/educacao/2014/07/entenda-o-pne