quarta-feira, 17 de setembro de 2014

EDUCAR NÃO É SÓ TRANSMITIR CONHECIMENTO, diz economista

EDUCAR NÃO É SÓ TRANSMITIR CONHECIMENTO, diz economista


Em entrevista à Folha de São Paulo, o economista Flavio Comim discute os resultados do IDEB



A Folha de São Paulo se ateve a apenas duas perguntas: as duas versavam sobre a questão dos recursos financeiros aplicados na educação. A princípio o economista diz que os resultados baixos já eram esperados, uma vez que os professores são mal pagos, a infraestrutura não é adequada, a quantidade de horas em aula é insuficiente e há um alto grau de disfuncionalidade na escola

Gostaria de ater a questão da quantidade de hora aula. Primeiro que quantidade não é qualidade. De nada adianta manter o aluno por 5, 7 ou 8 horas de aula por dia se a aula é improdutiva e a turma não está muito afim de aprender. Na realidade, não adianta ter 200 ou 220 dias letivos se são improdutivos. Precisamos, sim de uma quantidade de aula produtiva, onde o professor da a aula, o aluno assiste a aula e em seguida o aluno estuda. Precisamos urgentemente criar o hábito do estudo, precisamos ensinar nossos professores e alunos "COMO APRENDER A ESTUDAR".


ideb

De nada adianta aumentar os recursos para a educação, inserir lousa digital, sala de informática, laboratórios e bibliotecas se o uso não é produtivo, se não há o hábito do estudo.

Ao discutir sobre o aumento dos recursos na educação, o economista defende que deve ser investido o dobro do que se investe hoje (algo acima de 10% do PIP), novamente, na nossa opinião, a quantidade de dinheiro não fará milagre com a educação no Brasil, uma vez que esse dinheiro não vem para o professor, e sim para os projetos que "salvariam a educação no Brasil", são tablets, computadores, impressoras, ou seja, tudo aquilo que vai favorecer uma empresa, e não a educação em si, pagar melhor o professor faz com que esse deixe de ministrar aulas nos três períodos e abre oportunidade para que esse estude, faça novos cursos, conheça outras ideias e outros instrumentos de ensino. 

A entrevista você pode acompanhar clicando aqui.

Os comentários, você pode deixar abaixo no nosso blog.
Um forte abraço.

Ivan C. Guedes
Programa E Agora José?

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

SARESP: INDICADOR DE QUALIDADE OU PARANOIA PEDAGÓGICA? Parte II

SARESP: INDICADOR DE QUALIDADE OU PARANOIA PEDAGÓGICA?  Parte II  


Em novembro de 2012 escrevemos a primeira parte deste artigo em que abordamos a questão da super valorização do SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar de São Paulo), que estava para ser aplicado naquele mês, pelo Governo do Estado de São Paulo (http://www.gazetavaleparaibana.com/060.pdf).

Neste mês de Março ou meados de Abril (2013) os dados serão divulgados amplamente pelas mídias apresentando os resultados auferidos pela avaliação. No entanto, o que se pretende discutir dessa vez a conotação “meritocrática” que é conferido ao IDESP (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo).

O IDESP é confeccionado a partir da fórmula, IDESP = IDS X IFS, onde a variável: Índice de Fluxo (IFS) representa a taxas de reprovação e de evasão escolar e o Índice de Desempenho (IDS) representa a nota do SARESP. 





Deixando de lado as elucubrações matemáticas, sabemos que as avaliações escolares medidas por índices e regidas por metas não é novidade no contexto da administração escolar mundial. As orientações do Banco Mundial para o Desenvolvimento da Educação (Learning for All: Investing in People’s Knowledge and Skills to Promote Development, disponível em: http://www.worldbank.org/education), IMF (http://www.imf.org) e a Carta da Unesco para a educação no século XXI (http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/home/), deixam muito claro a conjuntura mercadológica e administradora que a educação (em países que cumprem a cartilha do sistema neoliberal, como o Brasil) devem implementar em seu sistema educacional. A premissa é bem básica: os bai-xos índices devem ser difundidos por toda a sociedade para que fique expressa a ineficiência do Estado com a educação. A solução? Partir para as Parcerias Público-Privadas e para a privatização do sistema (cf LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSHI, 2012). 

A ideia é desobrigar o Estado dessa função, o que é contraditório com a nossa Carta Magna. Temos aí um imbróglio, um nó que não se consegue desatar, pois se de um lado o Estado é obrigado a cumprir o que está na constituição, por outro lado se vê na contingência de cumprir a cartilha do neoliberalismo e se não cumprir as “torneiras do dinheiro fácil” se fecham.

O sistema de meritocracia foi importado desastradamente da cidade de Nova Iorque (EUA), em que foram estabelecidas metas para os docentes cumprirem. Implementado entre 2007/2008, em 2011 estudos confirmaram que não existe relação entre a qualidade do ensino e a bonificação de professores, e cancelaram este projeto. No Brasil, a ideia ainda soa como inovadora, e tem ao seu lado vários economistas apaixonados pelo sistema neoliberal que creem pia-mente no que está escrito nas cartilhas do Banco Mundial, da Unesco do FMI, e que ecoam a quatro cantos esses escritos. O governo, por sua vez, é obrigado a ceder, pois não tem força política, ideológica ou de plano de governo para fazer valer o seu Estado de Bem Estar Social.

Bem sabemos que a bonificação faz parte do assistencialismo promovido, assim como as diversas bolsas auxílio, pelas ideias neoliberais “O estudo em Nova York aponta que o sistema não mudou as práticas docentes. Uma das conclusões é que o professor que recebe bônus entende que apenas foi recompensado pelo esforço que sempre teve - e não que tenha buscado melhorar”. (SIC) – Folha.com -20/07/2011.

Como entendemos aqui não é muito diferente, além de que somos controlados por um pacote matemático não muito acessível aos próprios professores de matemática ( alguém já teve a curiosidade de saber a teoria por detrás dos índices?). Resta aos professores uma explicação mais simples: - índice de desempenho advém do Saresp e o índice de fluxo (como explicado resumidamente acima) serve para penalizar e obrigar as escolas a empurrarem os alunos adiante, aptos ou não a cursarem a serie seguinte. 

Que culpa têm os professores se os alunos se evadem da escola? Pedagogos-economistas de plantão, dirigentes de ensino, supervisores, diretores de escola e coordenadores dirão, na sua maioria, que a escola não oferece aulas interessantes ou que a escola não é atrativa a esses alunos.

Que culpa têm os professores quando pais irresponsáveis preferem ver seus filhos muitas vezes pedindo esmolas num semáforo do que na escola? 

Que culpa têm, os professores, se muitos precisam sair da escola para partir para o mercado de trabalho?

Que culpa têm os professores se a bolsa família é dada a qualquer um desde que não falte na escola, sem se importar se esse aluno adquiriu algum conhecimento ou não? 

Então tudo isso não é levado em conta, ou melhor, é colocado na responsabilidade da escola e dos professores. A quem o sistema educacional e econômico quer enganar? 

Isto não funciona e deveria acabar ou ser reformulado.  Professores não são valorizados e
muitas vezes nem plano de carreira possuem. A priori, a suposta esperança de ganhar algumas migalhas a mais cria um cabresto com um único objetivo para o professor: conseguir o bônus. Ora, o Saresp não tem nenhum objetivo senão produzir o índice de desempenho para compor o IDESP. Todos sabem disso, inclusive os alunos. Daí a ser divulgado pela mídia que serve para dar bônus aos professores foi um passo. E é assim que a massa leiga e desavisada entende, então que interesse tem o alunato em produzir uma prova com um bom desempenho? Tirando uns poucos, poderíamos dizer que ninguém, pois é fato que muito dos alunos, não querem “dar bônus aos professores”.

Logicamente, diante disso tudo, só podemos reafirmar o que já havíamos dito: - isso tudo virou uma paranoia pedagógica, onde, como asnos, perseguimos uma cenoura na vã esperança de alcançarmos um resultado que será, e o é, derrubado pelo índice de fluxo e novamente servirá para ajudar a denegrir a escola pública. 

Referência:
LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar. Políticas, Estrutura e
Organização. 10 ed. São Paulo: Cortez,2012. 


Clique aqui para ler a continuação sobre essa reflexão.

Omar de Camargo
Técnico Químico
Professor em Química
omacam@gmail.com

Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo
Consultor e assessor pedagógico
ivanclaudioguedes@gmail.com


SARESP: INDICADOR DE QUALIDADE OU PARANOIA PEDAGÓGICA ? - Parte I

SARESP:  INDICADOR DE QUALIDADE OU PARANOIA PEDAGÓGICA ? - Parte I


Mais um final de ano se aproxima e com ele, para os estudantes da rede pública estadual de São Paulo, está chegando o “grande” dia do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP).  Grande?  Por que grande? 

Para os alunos esse dia não passa de mais uma prova que “não dá em nada”. Para os professores é um dia em que uma prova definirá o seu “bônus”. Para a direção é um dia tenso, pois não pode ocorrer nenhuma falha. Para a Diretoria de Ensino (DE), é um dia de grande expectativa, pois o trabalho de um ano inteiro será avaliado por essa prova. Para a Secretaria de Estado da Educação (SEE), é um dia de grande sucesso.

O fato é que desde 1996 essa prova ocorre no mês de novembro nos últimos dias letivos do ano. Aliás, vale lembrar que culturalmente para os alunos (e alguns professores) a aplicação do SARESP é o último dia letivo do ano.

O SARESP é uma avaliação de múltipla escolha, aplicada para os alunos que estão na 2ª, 4ª, 6ª e 8ª série (3º, 5º, 7º e 9º ano) do Ensino Fundamental, e 3º ano do Ensino Médio. As questões são, em sua maioria, língua portuguesa e matemática, alternando ano após ano entre ciências humanas e ciências físicas e biológicas. Além das questões, os alunos e a família respondem, também, a um questionário socioeconômico, cultural e aspectos gerais da situação escolar. Por fim, os professores e gestores das escolas também respondem aos questionários on line.




Essa avaliação corresponde ao que a SEE denomina como índice de desempenho, pois a partir da nota do SARESP, será calculado o IDESP (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo). Os índices são seguidos de metas estabelecidas pela própria SEE que gera, no final das contas, o “bônus” dos professores.

O fato é que o modelo do SARESP como está não é dos ruins (já foi pior). Hoje as questões obedecem a metodologia do TRI (Teoria de Resposta ao Item). Mas não é sobre isso o que queremos abordar. O que vamos abordar com maior profundidade é a caça desesperadora atrás dos índices.

Durante o decorrer do ano, os coordenadores das escolas e diretores lembram em todos os momentos aos professores que a turma X ou Y fará SARESP. As orientações na DE são em vistas ao SARESP. As ATPC’s (Atividades de Trabalho Pedagógico Coletivo) são em busca da melhoria do SARESP, enfim, tudo o que se respira na escola é em torno do SARESP. 

Mas será que o SARESP é um fim ou é um meio?  Será que a escola, as orientações técnicas, as leituras, o planejamento das aulas, as ATPC’s, as reuniões de planejamento e replanejamentos deveriam estar à disposição do SARESP ou o SARESP deveria realmente apresentar os resultados obtidos a partir de uma preocupação maior com o aluno e com sua aprendizagem?

Os questionários socioeconômicos, culturais e das peculiaridades da escola que os professores, gestores, pais e alunos respondem não estão disponíveis às próprias escolas e à comunidade. Ora, como querem que se criem planos de gestão administrativa e pedagógica nas escolas se os instrumentos de avaliação interna não estão disponibilizados? 

Afinal, existe transparência ou não nesse processo?

Muito tempo se perde discutindo as “hipóteses sobre os distratores”, ou seja, as teorias de porque o aluno não assinalou a “A” ou a “B” ao invés da “D”. 

 - Por que não se discutem a baixa formação didático-teórica dos professores?

 - Por que não se discute o plano de carreira dos professores

 - Por que não se discute a reforma no currículo e nos conteúdos?

 - Por que não se discute o excesso de alunos em sala de aula?

 - Por que não se discute a falta de segurança nas escolas

 - Por que não se discute a falta de infraestrutura nas escolas? 

 - E por que esses itens não entram na pesquisa? 

 São muitos problemas, portanto, é mais fácil discutir as teorias de resposta aos índices.

 A prova em si, realmente não atesta muita coisa. Muitos alunos (a maioria) não levam essa prova a sério. Não acreditam na importância de a escola atingir os índices de educação. Uma prática que costumamos indicar é comparar as notas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) com a nota do IDESP

 A prova do ENEM é de maior complexidade e os alunos conseguem melhor desempenho. Por quê? 

Será que esta prova tem mais significado ao aluno do que a outra? Será que por detrás disso está um conjunto de interesses pessoais?  Pois o ENEM é a porta de entrada para muitas faculdades e acesso às bolsas. Enquanto que o SARESP “só dá o bônus para o professor”?

Por fim, acreditamos que o modelo de gestão do IDESP deve ser revisto e, principalmente, a super importância que se dá ao SARESP ao longo do ano e o esquecimento de que o aluno deve ir para escola para aprender um conjunto de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais e não para chegar ao final do ano, pintar o alvéolo, cumprir a meta da escola e ver os professores com bônus.

 Bem sabemos que no nosso país não é fácil escrever e falar sobre educação, principalmente apontando as falhas do sistema, mas justamente por não ser fácil é que nós do programa E agora José e voluntários da OSIP Formiguinhas do Vale desejamos  que todo o sucesso para esse projeto.

Continue lendo a parte II


Omar de Camargo
Técnico Químico
Professor em Química
omacam@gmail.com

Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo
Consultor e assessor pedagógico
ivanclaudioguedes@gmail.com


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO: Impactos e tendências

VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO: Impactos e tendências



Neste ensaio, busca-se definir e problematizar as relações entre violência e educação. A violência é aqui tratada como uma questão histórica e cultural e que se expressa na subjetividade. O texto ressalta suas expressões mais comuns e de longa duração e outras que acompanham a evolução na sociedade nas suas manifestações e quanto a sua relevância. Embora o texto ressalte a complexidade do tema que não pode ser atribuído apenas um fator, aprofunda a sua relação com a educação, como meio da superação e preservação. Mas também como espaço de aculturação, responsável pelo aprofundamento da violência. O artigo ressalta como conclusão, a necessidade dos investimentos em educação como um caminho para superar desigualdades de oportunidades e direito de cidadania, exatamente o antídoto da violência.

Maria Cecília de Souza Minayo

Pesquisadora Titular – FIOCRUZ

Para baixar o artigo completo, clique aqui.


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Metas do Plano Nacional da Educação(PNE) e suas estratégias.

Quais são as metas do Plano Nacional da Educação(PNE) e suas estratégias? 
Tenha acesso aos vídeos produzidos pelo programa clicando  nas imagens abaixo.



PELO DIREITO DE EXPULSAR UM JOVEM INFRATOR DA ESCOLA

PELO DIREITO DE EXPULSAR UM JOVEM INFRATOR DA ESCOLA

Não confundir aluno com infrator é o primeiro passo para uma educação minimamente de qualidade. O interesse pessoal não pode se sobressair ao interesse coletivo da aprendizagem.




Recentemente fomos surpreendidos pela notícia que no Rio Grande do Sul, o Conselho Estadual de Educação e outros especialistas discutem a ideia de por fim à “expulsão escolar”. O fato surpreendeu por três motivos: primeiro que, na prática, a expulsão já não existe; o que existe é a transferência compulsória de estabelecimento de ensino, mediante a oferta de outra vaga; segundo que ninguém opta por reunir um Conselho de Escola e colocar tal punição por motivos fúteis, tais como: não fazer lição de casa, não ter um bom relacionamento ou ofender colegas ou professores (sim, isso hoje em dia é motivo fútil) e, por último é que, se a moda pega, esse vírus vai se alastrar por todo território nacional.

            Para quem não é do meio escolar, vamos apresentar como se dá o processo de “transferência compulsória de um aluno”.

Aluno expulso

Primeiro que todas as ocorrências que esse aluno teve devem ser devidamente registradas. Os pais devem ser estar cientes do que ocorre na escola e, numa ação em conjunto com os professores corrigir e orientar a criança ou o adolescente.

Quando o caso se torna insuportável e insustentável na escola, reúne-se o Conselho de Escola (em que há representantes dos professores, dos funcionários, dos alunos e dos pais), juntamente com a presença dos seus responsáveis e do aluno (para que haja ampla defesa) e dá-se a votação. Mas, o que são casos graves? Assédio moral ou sexual, tráfico ou consumo de drogas, agressões físicas, furtos ou roubos, enfim, tudo aquilo que não é condizente com o ambiente escolar. Em qualquer pais mais sério, tais casos teriam que ser resolvidos diretamente com a polícia e com o poder judiciário, e não em uma escola. Em se tratando de Brasil, resolve-se na escola e fica por ai mesmo.

No que concerne aos direitos do menor, a Constituição da República e o Estatuto da Criança e do Adolescente dizem que a educação é um direito e que cabe ao Estado prover esse direito, havendo inclusive a punição prevista para a sua não oferta. Entretanto, o que é possível fazer quando a presença de um menor põe em risco a segurança dos outros? O que fazer quando um aluno (se é que se pode chamar de aluno) impede com que outros tenham acesso às aulas?

O jovem que chega a uma situação extrema em que a única alternativa é a expulsão, denuncia o fracasso dos pais, da sociedade e da escola para com a sua educação, entretanto, a falta de clareza de que cada um deles tem que ter com a sua obrigação diante da sociedade só faz agravar os problemas escolares. A família é a grande responsável pela educação. O conjunto de valores e regras morais e éticos serão passados dentro dos padrões daquela família. A sociedade educa dentro dos seus padrões éticos e a escola tem a função primordial da educação formal, ou seja, a escolarização do educando. Se o primeiro falha, o efeito dominó sai derrubando todas as outras possibilidades de educação.

A escola deve ser acolhedora por sua própria natureza, mas quando não há condições mínimas de convívio social e esgotadas todas as demais possibilidades, a solução menos prejudicial ao coletivo é a expulsão. Um ato necessário por preservar o bem de todos e garantir as condições mínimas de trabalho e salubridade. Não deve ser possível evitar a expulsão de um jovem desse naipe, pois estaremos comprometendo a segurança dos demais alunos e professores.

São inúmeros os relatos de violência contra colegas e professores, casos até noticiados pela mídia e muitos outros que não chegam a ser divulgados, e não precisa ser intelectualizado para perceber isso.

Devemos considerar que a mudança de ambiente para o aluno infrator pode até ser benéfica, já que sem as mesmas amizades e inimizades por perto ele se sinta menos agredido e com isso ser levado a uma reflexão dos seus atos.

Queremos salientar que não estamos falando de casos genéricos de indisciplina sem maiores consequências, estamos falando de agressões físicas, verbais, explícitas ou veladas, e mais grave ainda, o tráfico de drogas dentro da escola.

São casos extremos onde a escola é totalmente impotente na solução, e nem deveria ser potente, uma vez que a escola não é consultório, delegacia ou centro de assistência social.

Estranhamente os psicopedagogos, mais precisamente a diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Sra. Maria Teresa Messeder Andion, cuja coerência deveria se fazer diante da análise global dos problemas escolares, mas que resumiu essa discussão à falha institucional, ou seja, falha da escola que não motivou esse aluno e não ofereceu a ele aulas diferenciadas. Vitimizam o jovem infrator a exemplo de outros infratores, eximindo a culpa pela má educação por parte dos responsáveis e até mesmo a omissão dos mesmos; imputando toda responsabilidade à escola.

A Constituição é clara, todo jovem tem direito à educação e realmente a escola não pode se furtar a isso, para tanto, no caso de expulsão do aluno a mesma pode (ou deve) vir acompanhada de uma vaga em outra instituição escolar. Cabe lembrar que, atualmente essa responsabilidade de arrumar outra vaga para o aluno, recai sobre o diretor da escola (sic), ou seja, continua sendo responsável pela (má) educação desse sujeito.

Só para levantar uma “lebre”, em uma escola particular, por muito menos há a expulsão do aluno, e a legislação que a rege é a mesma, e o mais agravante é que este vem na maioria da vezes parar na escola pública, porque o responsável não está mais disposto a “gastar dinheiro”; embora muitas escolas primam pelo “aluno pagador”, há escolas em que realmente existe a necessidade da expulsão, e elas o fazem, sem direito a recurso, sem remorso e sem que haja defensores apaixonados pela má qualidade da escola pública. Considerando que vivemos em uma democracia liberal, porque o sistema escolar público deve “segurar a bronca”?

Omar de Camargo
Técnico Químico
Professor em Química
omacam@gmail.com

Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo
Consultor e assessor pedagógico
ivanclaudioguedes@gmail.com


CAMARGO, O.; GUEDES, I.C. Pelo direito de expulsar um jovem infrator da escola. Gazeta Valeparaibana [online], São José dos Campos, 01 set. 2014. Espaço Educação. Disponível em: http://www.gazetavaleparaibana.com/082.pdf Acesso em 03 set. 2014.