VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
A charge pode ser engraçada, mas a realidade não é! |
Considerando que “violência”
é um conceito amplo e apresenta diversas definições, vamos nos ater a “tudo
aquilo que causa desconforto à outra pessoa”, ou mais especificamente: “usar
agressividade de forma intencional e excessiva para ameaçar ou cometer algum
ato que resulte em acidente, morte ou trauma psicológico”.
A palavra violência é muito
ampla e por isso não possui uma única definição, daí a preferência por cita-la
como causa de desconforto a outrem. Aquilo que é feito propositadamente para
causar desconforto no outro, é uma forma de violência. Entendemos que isso pode
acontecer em vários níveis de atuação, desde a mais simples (como desconforto
psicológico), até a morte de outra pessoa, que consideraríamos o nível mais
grave, pois aborta toda e qualquer possibilidade de crescimento da outra pessoa
interrompendo o seu progresso ao extinguir a vida.
Passada essa breve e generalizada introdução,
vamos nos ater a algumas questões da violência escolar.
A
violência escolar se dá em diferentes níveis, tais como: Do
corpo docente contra o corpo discente; Do corpo discente contra o corpo docente;
Do corpo discente contra o corpo discente; Do corpo docente contra o corpo
docente; Do Sistema Educacional Oficial contra o Aluno e do Sistema Educacional
Oficial contra o professor. Quanto à
localização pode ser intraescolar ou extraescolar.
A degradação do repeito do
ser humano pelo próprio ser humano é notória quando vemos os acontecimentos cotidianos.
Já esboçamos algumas ideias quando escrevemos “Para onde caminha a Humanidade”(Gazeta
Valeparaibana, out/2013) e “Para onde caminha a Humanidade II” (Gazeta
Valeparaianba, Nov/2013). Tanto professores, quanto funcionários, equipe
gestora e alunos são profundamente influenciados pelo meio, ou seja, frutos da
sociedade em que vivemos.
Não é preciso uma profunda
reflexão para chegar à conclusão de que a sociedade atual está doente, sem
rumo. E por quê? Em que momento nos perdemos e deixamos de acompanhar o
progresso ético para investirmos numa louca corrida atrás de frutos utópicos da
ganância na vã esperança de resolvermos nossos problemas? Difícil, pois não
existe apenas uma resposta, na verdade é uma somatória de erros ao longo da
construção da nossa história social.
Isto posto, vamos analisar o
que ocorre e por que ocorre a violência dentro dos muros da escola. Partamos do
princípio que professores também são concebidos e criados dentro desse forno
chamado sociedade, portanto possui os mesmos defeitos e qualidades que os alunos.
Eles não são diferentes daqueles que estão nas carteiras. O professor possui os
mesmos anseios, os mesmo desejos. Se existe alguma diferença, se é que existe,
ela se daria no campo da escolarização e na sua idade, considerando que o
professor chegou a um estágio de conhecimento maior naquele momento.
Cabe ainda separar o aluno
indisciplinado do aluno realmente infrator, ou seja, aquele que provoca um dano
físico ou material. Não podemos colocá-los dentro do mesmo cesto, pois seus
problemas têm origens diferentes, assim como nos professores. Nesse âmbito, só
podemos concluir que a questão da violência está atrelada aos valores de
sociedade dentro do nosso contexto histórico.
A violência da escola (e do
Sistema Educacional Oficial) contra o aluno se dá a partir do momento em que
toda e qualquer ação dialética perde seu sentido em função do destempero
racional. Mas, de qualquer forma esses agentes nunca (ou quase nunca) se dariam
no nível da coerção física. Neste caso, a essência é mais importante do que a
forma, pois se busca através do cumprimento de regras disciplinares, que o
aluno restabeleça o equilíbrio entre o que pode e deve e entre o que deve e
pode e claro, entre o que não deve e também não pode. Esse tipo de confusão é
muito comum na pré-adolescência e na adolescência, pois tudo colabora para o
rompimento do que era na infância e o que é agora, um mundo novo cheio de
sentimentos novos e novas descobertas.
Tudo isso levará, sem
dúvida, o jovem a desafiar os velhos parâmetros, e que ele supõe ultrapassados
e sem coesão. Isto torna, sem dúvida, um provável acontecimento banal num
evento de proporções assustadoras, pois em ambas as partes estamos sujeitos a
ventos e trovoadas, visto que, como dissemos anteriormente, somos frutos da
sociedade me que vivemos. Cabe ao ente mais experiente a condução do processo
elucidativo do aluno, ou seja, neste caso, ao professor, quer ele esteja na
sala de aula ou investido no cargo de coordenador ou diretor.
No que se refere às questões
extraescolares e violência, cabe ao poder público elaborar e cumprir suas
políticas públicas de paz social, através do emprego, geração de renda,
melhoria da qualidade do ensino oficial e aparelhamento da Assistência Social.
Por fim, no que tange à
educação familiar, essa deve ser frequentemente pensada e difundida nos
diferentes segmentos sociais, uma vez que a terceirização da educação aos
professores só se fez confundir os devidos papéis e piorar a qualidade da
escolarização. Os valores morais e éticos devem partir prioritariamente da
família e da sociedade, para que o professor possa executar sua função.
Em uma sociedade de
“direitos e privilégios”, precisamos discutir incansavelmente a função de cada
um. Os papéis devem ser bem definidos. Não cabe ao policial educar o jovem
infrator, assim como não cabe ao pai ensinar Geografia, ou ao professor ensinar
“bom dia” ou “obrigado”. As questões da violência passam também pela educação
e, se a educação não é bem discutida e bem definida, a violência só tende a se
agravar.
Acreditamos que essa questão
deva ser muito melhor debatida, esperamos em outras oportunidades desenvolver mais
ideias.
Omar de Camargo
Técnico
Químico
Professor
em Química
omacam@gmail.com
Ivan Claudio Guedes
Geógrafo
e Pedagogo
Consultor
e assessor pedagógico
ivanclaudioguedes@gmail.com
Para referenciar este artigo:
CAMARGO, O.; GUEDES, I.C. Violência nas escolas. Gazeta Valeparaibana[online], São José dos Campos, 01 set. 2014. Espaço Educação. Disponível em: http://www.gazetavaleparaibana.com/083.pdf Acesso em 03 out. 2014.
Conheça o jornal Gazeta Valeparaibana:
http://www.gazetavaleparaibana.com/
Olá. Muito obrigado pelos comentários.
ResponderExcluirPrecisamos, sim discutir muito este tema e procurar um consenso (se é que há).
Pode compartilhar o texto a vontade.
Um forte abraço
Ivan